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Em entrevista rara, cofundador da 3G, de Lemann, revela segredo do sucesso do Burger King

08 maio 2024, 17:40 - atualizado em 09 maio 2024, 13:29
alex behring
Alex Behring, participou de uma entrevista no Capital Allocators nesta terça-feira (6). (YouTube/Reprodução)

O cofundador da 3G Capital, Alexandre Behring, participou de uma rara entrevista na terça-feira (6). O bilionário, que é conhecido por nunca dar entrevistas, participou do podcast “Capital Allocators“, de Ted Seides. A entrevista também contou com a presença de Daniel Schwartz, sócio da companhia.

Na entrevista, foi abordado o investimento da 3G Capital no Burger King. A empresa adquiriu a rede de fast food em 2010 por US$ 4 bilhões e conseguiu ampliar o seu valor de mercado para US$ 28 bilhões, após a aquisição da fabricante de condimentos Heinz. Os dividendos anuais do investimento acumulados hoje pela 3G giram em torno de 70% do seu capital investido.

Hoje, Burger King de hoje faz parte da Restaurant Brands International, com valor de mercado de US$ 32 bilhões e valor empresarial de US$ 50 bilhões.

“Começamos há 20 anos, originalmente como um family office dos meus cofundadores, então apenas capital interno. E o que pretendíamos fazer, originalmente, era replicar essa abordagem de sermos proprietários operacionais de bons negócios no longo prazo, um modelo que foi originalmente desenvolvido no Brasil […] Então, queríamos tentar fazer isso fora do Brasil. E essa foi a inspiração para fundar a 3G Capital na cidade de Nova York, na época”, relembrou Behring.

Como a 3G Capital transformou o Burger King no que é hoje

Na conversa, os sócios da 3G Capital comentam sobre chamado modelo de “orçamento zero” das empresas da 3G. Diz as lendas do mundo corporativo que esse modelo estaria por trás do retorno superlativo de alguns dos seus investimentos do grupo.

No entanto, eles apontam que a criação de valor que está diretamente ligada a ganhos de eficiência com esse modelo é pequena, sendo que a maior parte do crescimento vem de expansão orgânica e inorgânica — e esse é o do Burger King.

“Este era um negócio que, no momento em que compramos, estava operando em mais de 80 países, que tinha uma história de 50 anos de expansão com sucesso e a segunda maior cadeia de fast food do mundo. No entanto, ele não estava operando de forma tão lucrativa quanto seus pares e não estava crescendo tão rapidamente”, afirma.

A solução foi reforçar e capacitar a equipe — uma combinação de pessoas da 3G, BK e que vieram do mercado –, além de atualizar as metas de gestão, custo e crescimento para conseguir alavancar o negócio. No caso, foi estabelecida a meta de ser a melhor a empresa de restaurantes com crescimento mais rápido em todo o mundo.

A estrutura também mudou: os escritórios foram reformulados em uma planta aberta para que todas as equipes pudessem ter um ambiente mais colaborativo. O foco era, primeiro, deixar o negócio mais eficiente, para depois se concentrar na meta de ser a empresa de maior crescimento do setor.

Schwartz lembra que, na época da compra do Burger King, o grupo estava analisando empresas de diversos tipos, até que encontraram a rede de fast food. A companhia estava com problemas com os franqueados e não estava abrindo tantas unidades.

“Fizemos um monte de pesquisas externas sobre o negócio e desenvolvemos uma tese em torno da empresa […] Sentimos que era uma marca icônica, que já existia há mais de 50 anos. Na verdade, passamos muito tempo estudando a história do negócio desde o início, lá na década de 1950”, relembra.

Ele destaca que o BK passou pela mão de mais de um dono ao longo dos anos e que foi isso que chamou a atenção do grupo. “Apesar dessa mudança frequente na propriedade e na gestão, a empresa floresceu e se tornou a segunda maior cadeia de restaurantes de fast food do mundo na época, com cerca de 12 mil restaurantes, em mais de 80 países”.

Com a casa organizada, a 3G começou o plano de expansão do BK através de parcerias no Brasil, China e França.

Modelo de negócio da 3G

Sobre o modelo de negócio, os sócios apontam alguns pontos diferem a abordagem da 3G Capital de uma abordagem de privaty equity tradicional. O primeiro é que eles são os maiores investidores nas empresas que entram para o grupo.

Além disso, a intenção da 3G é sempre estar presente nos negócios no longo prazo. “Meus cofundadores são investidores da AB InBev há 35 anos. Somos investidores no RBI há 14 anos e continua aumentando”, exemplifica Behring.

Ele ainda destaca que é comum que a 3G contrate não só pessoas que tenham experiência e conhecimento, mas também jovens talentos que possam desenvolver ao longo dos anos. “E você pode ver o resultado disso em uma empresa como a RBI, onde 80% da equipe de liderança são pessoas que cresceram na empresa”, completa.

O investimento que não foi bem-sucedido

O Behring também comentou sobre o investimento na Kraft Heinz e revelou um investimento que o grupo teve, mas que não foi tão bem.

“Tivemos a aquisição da Heinz, que foi bem-sucedida. Recuperamos várias vezes o valor investido. Depois tivemos o investimento na Kraft, que foi fundida com o investimento na Heinz”, explicou. “Nesse negócio a gente praticamente só pegou nosso dinheiro de volta, não foi um investimento bem-sucedido”.

Vale lembrar que, no mês passado, o grupo vendeu toda a participação de 8% que tinha na Kraft Heinz no último trimestre de 2023.

Confira a entrevista na íntegra:

Estagiária de Redação
Estudante da área de comunicação, cursando Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Ingressou no Money Times em 2024 como estagiária.
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