Em documento enviado à SEC, Robinhood dá detalhes sobre seus feitos no setor cripto
O formulário S-1 da empresa de aplicativo de corretagem Robinhood, enviado à Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (SEC, na sigla em inglês), foi publicado nesta quinta-feira (1º) como parte da tentativa da empresa em abrir capital.
O documento detalhou o significativo desempenho financeiro da empresa após interesse entre investidores do varejo. Dentre as métricas divulgadas, a receita foi de US$ 555 milhões no primeiro trimestre, até o dia 31 de março, um aumento anual de 245%.
Ainda assim, a Robinhood afirmou que “registramos prejuízo líquido de US$ 1,4 bilhão, que incluía um ajuste de valor justo de US$ 1,5 bilhão para nossas notas conversíveis e obrigações de garantia” nesse período.
Foi durante essa época que a Robinhood — bem como Wall Street, de uma forma geral — foi abalada pela febre das ações de meme (ou “meme stock mania”) de empresas como a GameStop (GME). Também houve forte interesse nas ofertas cripto da plataforma.
O formulário S-1 mostra o forte desempenho das ofertas cripto da Robinhood, principalmente do papel que a criptomoeda de meme (ou “memecoin”) dogecoin (DOGE) desempenhou nas fortunas da unidade comercial:
No trimestre que se encerrou em 31 de março de 2021, 17% de nossa receita total derivou de receitas baseadas em transações, provenientes de transações com criptomoedas, em comparação a 4% do trimestre que terminou em 31 de dezembro de 2020.
Atualmente, embora ofereçamos um portfólio de sete criptomoedas para negociação, durante o trimestre que acabou em 31 de março de 2021, 34% de nossa receita baseada em transações com criptomoedas foi atribuída a transações com dogecoin, em comparação aos 4% do trimestre finalizado em 31 de dezembro de 2020.
Em termos de desempenho trimestral, a empresa afirmou:
Apenas no primeiro trimestre de 2021, mais de 9,5 milhões de clientes negociaram aproximadamente US$ 88 bilhões de criptomoedas em nossa plataforma e armazenamos aproximadamente US$ 12 bilhões em criptomoedas por Ativos sob Custódia em 31 de março de 2021, um aumento de 23 vezes em comparação a 31 de março de 2020.
Crescimento à parte, a unidade cripto da Robinhood representa uma fração em comparação à Coinbase (COIN), corretora cripto que abriu capital por meio de uma listagem direta em abril.
No primeiro trimestre de 2021, a Coinbase registrou US$ 222,7 bilhões em ativos sob gestão ou cerca de 19 vezes a mais do que as posses de clientes da Robinhood.
A receita de US$ 1,8 bilhão da Coinbase no primeiro trimestre é vinte vezes maior do que os quase US$ 88 milhões que a Robinhood lucrou com sua oferta cripto durante o mesmo período.
Atenção regulatória
Apesar do sucesso, o negócio cripto da Robinhood atraiu o interesse de reguladores. Na semana passada, a Bloomberg noticiou que a SEC está investigando a Robinhood Crypto, possivelmente adiando, assim, a estreia da empresa na bolsa.
O documento S-1 da Robinhood também deu detalhes sobre uma investigação anteriormente não divulgada, realizada pela Promotoria-Geral da Califórnia sobre sua unidade cripto.
Apesar de ainda não haver muitos detalhes sobre essa investigação, parece se referir ao contexto das leis de commodities do estado americano:
Além disso, em 14 de abril de 2020, o Gabinete da Promotoria-Geral da Califórnia emitiu uma intimação à RHC, em busca de documentos e respostas a interrogatórios sobre a plataforma de negociação, o negócio e os operações da RHC, a aplicação das regulamentações de commodities da Califórnia à RHC e outras questões.
Robinhood destacou que está “cooperando com essa investigação” e que “não podemos prever o resultado da investigação ou suas consequências resultantes”.
O documento também esclarece um “acordo de princípios” estabelecido entre a Robinhood Crypto e o Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York (NYDFS):
Em 24 de julho de 2020, o NYDFS emitiu um relatório sobre sua avaliação da RCH, citando inúmeras “questões que exigem atenção”, focando principalmente em questões relacionadas à antilavagem de dinheiro e cibersegurança.
A questão foi mencionada em uma investigação pelo Departamento Medidas Coercitivas Financeiras para a Proteção aos Consumidores do NYDFS.
Em março de 2021, o NYDFS informou a RHC de alegadas violações específicas de (i) requisitos antilavagem de dinheiro e de requisitos da Lei Bancária de Nova York (Parte 417, Parte 504 e Lei Bancária, parágrafo 44), incluindo a incapacidade de manter e garantir um programa complacente antilavagem de dinheiro, (ii) normas de notificação sob o Acordo Supervisório da RCH com o NYDFS e (iii) requisitos de cibersegurança e de moedas virtuais (Parte 500 e Parte 200), incluindo certas deficiências em nossas políticas e nossos procedimentos em relação à avaliação de risco, falta de uma resposta adequada a incidentes e plano comercial de continuidade, bem como deficiências na segurança de desenvolvimento de aplicações.
Segundo o documento, “RHC e o NYDFS chegaram a um acordo de princípios referente a essas alegações, sujeito a uma documentação final, em relação, dentre outras coisas, ao pagamento de uma penalidade monetária e realizar um monitoramento”.
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