Em dia de precificação, Vivara busca teto da faixa indicativa
A Vivara (VIVA3) deve divulgar nesta terça-feira (8) a precificação de sua oferta inicial de ações na B3. Os bancos que coordenam a operação trabalham para conseguir que os papéis saiam no topo da faixa indicativa, que é de R$ 21,17 a R$ 25,40. A edição desta terça-feira da Coluna do Broadcast, do jornal O Estado de S.Paulo, destaca que os investidores foram informados que o preço deve ficar acima de R$ 23,30, que é o centro da faixa.
A publicação destaca que é justamente neste ponto que estão posicionadas as reservas dos investidores âncoras e de grandes institucionais. Desta forma, caberá a eles a decisão de acompanhar a provável elevação do preço.
O Estadão relata ainda que, caso a joalheria consiga fixar no topo da faixa, em R$ 25,40, estará com valor de mercado de R$ 6 bilhões.
Brasileiros na disputa
Ontem, o Estadão já havia informado uma característica peculiar para o IPO da Vivara, o interesse majoritário de investidores brasileiros, com cerca de 90% do total dos papéis que serão colocados à venda.
Ao todo, serão ofertadas 18,89 milhões de ações no tranche primário e 51,96 milhões de ações no secundário, podendo ainda ser lançado um lote extra de 14,17 milhões de ações.
A venda do lote primário, que representa emissão de novas ações, terá os recursos destinados ao caixa da empresa, com o secundário de ações já pertencentes aos sócios atuais da companhia e que pretendem vender no mercado.
Desta forma, considerando o valor máximo da faixa de preços e o lote adicional de ações, o valor obtido pela empresa pode chegar a R$ 2,16 bilhões. Por outro lado, analisando o menor valor e a ausência de um lote complementar, o montante será de R$ 1,5 bilhão.
A operação será liderada pelo Itaú BBA, enquanto o agente estabilizador será o Bank of America Merrill Lynch. Também participam da oferta XP Investimentos e o JP Morgan.
Proteção contra volatilidade
O IPO da joalheria gera dúvidas e incertezas para os investidores sobre o período de bloqueio de negociação que parte dos acionistas sofrerá, sem poder vender os papéis VIVA3.
Esse bloqueio das ações provocou dúvidas nos investidores interessados no IPO, já que em algumas corretoras é preciso, antes de fazer a reserva, escolher se aceita ficar com os papéis travados por até 45 dias.
O que significa lock-up no IPO?
O bloqueio de negociação – ou lock-up – é uma restrição que impede venda ou fazer qualquer transação que condicionem a troca do papel no futuro, como empréstimo, garantia ou venda a descoberto. Essa trava possui um período pré-definido, estabelecido no prospecto da oferta.
Qual o período de lock-up?
O prospecto do IPO da Vivara estabelece que os investidores de varejo que optarem pelo lock-up ficarão sem poder vender o papel por 45 dias após o início de negociação na B3.
O cronograma prevê que essas ofertas de varejo – que variam entre R$ 3 mil e R$ 1 milhão – só poderão negociar os papéis a partir de 23 de novembro, 45 dias após o início a B3, no dia 10 de outubro.
Já os investidores qualificados – chamado de segmento private –, aqueles que aportarem entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões, ficarão com os papéis travados sem negociação por 120 dias. A data para início das transações é 6 de fevereiro de 2020.
Qual a vantagem de aderir ao lock-up?
O investidor que topar ficar com o papel VIVA3 em carteira sem poder negociar durante 45 dias terá prioridade na demanda do IPO. Esses investidores terão sua reserva atendidas prioritariamente e poderão ficar com a maior parte da oferta.
A oferta da Vivara está dividida entre 80%-90% institucional, aquela vendida pelos bancos contratados para coordenar as ofertas e de 10% a 20% para os investidores não-institucionais. É essa menor parcela que fica disponível para reserva nas corretoras.
No caso da Vivara, o IPO deverá ficar perto dos R$ 2 bilhões, dada a forte demanda, o que significa entre R$ 200 milhões e R$ 400 milhões para os investidores não-institucionais.
Esse percentual menor será dividido em parcelas semelhantes entre os que aportam até R$ 1 milhão e aqueles que empenharão até R$ 10 milhões.
O que acontece quando acaba o período de lock-up?
Em operações que envolvem o bloqueio de negociação, essas datas são marcadas por um aumento de volume e uma maior pressão de venda dos papéis. Investidores que seguraram o papel por 45 dias ou 120 dias aproveitam a data para realizar seu lucro – ou prejuízo –, diminuir ou zerar posição e voltar a ficar líquido.
Anote na agenda: VIVA3 terá pregões movimentados perto de 23 de novembro e 6 de fevereiro de 2020.
Por que a Vivara resolveu estabelecer esse lock-up?
Esse mecanismo evita a especulação nos primeiros dias de oferta, quando parte dos investidores entram no papel para vender nas primeiras horas ou dias de negociação, uma estratégia chamada de flip.
A limitação da flipagem reduz a volatilidade dos papéis nos primeiros dias e desestimula a especulação.
O que é o flip ou flipagem em um IPO?
Essa é uma estratégia de lucrar no curtíssimo prazo com a venda dos papéis da abertura de capital nas primeiras horas de negociação. O nome vem do inglês flip que quer dizer “trocar”.
O investidor aposta que o papel irá atrair no primeiro dia compradores que ficaram de fora da oferta ou que não tiveram sua demanda total atendida. Essa é uma operação de alto risco.