Economia

Em caso de 2° onda no Brasil, gasto público pode ser contracionista, alerta Banco Central

17 nov 2020, 12:35 - atualizado em 17 nov 2020, 12:35
Roberto Campos Neto
O presidente do BC voltou a destacar a importância de o país retomar a trajetória de controle fiscal (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira que, no caso de uma segunda onda da pandemia de Covid-19, o país não deve adotar medidas que envolvam gastos públicos adicionais, sob o risco de acabar gerando um efeito contracionista na economia.

Em entrevista à Globonews, Campos Neto também frisou a importância de uma organização entre os Poderes no país para assegurar a aprovação de reformas necessárias à recuperação da economia.

“A gente precisa, entendendo que o Legislativo é soberano e que tem o ‘timing’ dele, a gente precisa entrar em um processo de organização entre os diversos Poderes para criar uma conscientização de que é importante aprovar as reformas”, afirmou Campos Neto na entrevista.

“Isso vai nos trazer credibilidade, que vai nos trazer investimentos, que vai nos ajudar com o crescimento futuro”, acrescentou.

O presidente do BC voltou a destacar a importância de o país retomar a trajetória de controle fiscal após ter sido um dos que mais gastaram com medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19.

Questionado sobre medidas adicionais a serem tomadas no caso de uma eventual segunda onda da pandemia, Campos Neto afirmou que, considerando a situação de fragilidade fiscal do país, iniciativas que envolvam gastos públicos podem ser contraproducentes.

“Entendendo que o Legislativo é soberano e que tem o ‘timing’ dele, a gente precisa entrar em um processo de organização entre os diversos Poderes”, explica Campos Neto (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

“É como se você colocasse dinheiro na economia entendendo que vai ter um efeito expansionista, e na verdade você tem o efeito contrário, contracionista”, disse Campos Neto, ao ressaltar a importância da credibilidade fiscal para atrair investimentos estrangeiros.

“O elemento credibilidade é mais importante e inibe o crescimento futuro de uma forma maior do que o dinheiro que está sendo colocado para circular na economia”, disse.

“Qualquer solução que for apresentada, que for pensada onde a gente consiga impulsionar a economia, colocar dinheiro na economia, sem gerar gasto fiscal, são medidas bem-vindas”, acrescentou.