Em carta-compromisso, oposição pede a Baleia que seja ouvida e respeito a princípios democráticos
Partidos da oposição apresentaram ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara, uma carta-compromisso em que elencam a necessidade de respeito a princípios democráticos e ao espaço constitucional para que exerça o seu papel, informou o líder do PSB, Alessandro Molon (RJ).
Segundo Molon, Baleia teria concordado com a carta, que passa por ajustes finais de redação para ser divulgada.
Dentre os tópicos que permitiriam à oposição a execução de suas atividades, está o compromisso do candidato à presidência da Casa de ouví-la para a definição da pauta, de pautar matérias como a convocação de ministros, quando houver votos, e o de pautar os projetos de decretos legislativos (PDLs), instrumentos muito utilizados para sustar decretos do Executivo.
“A gente não espera que ele, Baleia Rossi, seja um presidente de oposição. Mas a gente espera que ele seja suficientemente independente para assegurar à oposição o espaço que nos é devido”, disse Molon à Reuters.
“O que a gente colocou na mesa, o que a gente pediu? Compromissos procedimentais do candidato Baleia Rossi: compromisso de respeitar o espaço constitucional e regimental da oposição, ou seja, colocar para votar os nossos PDLs quando o presidente (Jair) Bolsonaro ultrapassar o limite dos decretos, instalar CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) quando a gente tiver assinatura, convocar ministro quando a gente tiver voto”, explicou.
A oposição era tida como o fiel da balança na disputa, mas fechou oficialmente com o bloco de apoio a Baleia, que conta com 11 partidos: PSL, MDB, PSDB, CIDADANIA, DEM, PV, e Rede, além do PT, PCdoB, PDT e do PSB.
Mas muitos dos integrantes desses partidos de esquerda foram recebidos por ministros palacianos e tenderam a apoiar o candidato do governo, o líder do bloco que ficou conhecido como centrão, Arthur Lira (PP-AL).
“Tem muito trabalho pela frente, a gente sabe que é uma eleição com voto secreto, a gente precisa trabalhar para ter uma margem de segurança grande (de votos)”, disse Molon.
“Mas a gente está muito otimista porque da mesma maneira que o voto secreto pode retirar voto do lado de cá, tira do lado de lá, também. Porque muita gente sabe que o governo age mal com os deputados e sabe que o Parlamento só tem a perder se o presidente da Câmara for governista”, acrescentou.