Em busca de popularidade, Bolsonaro é aconselhado a prorrogar auxílio emergencial
O presidente Jair Bolsonaro contempla uma nova rodada do auxílio emergencial num momento em que sua popularidade atinge os níveis mais baixos antes das eleições, disseram cinco autoridades que pediram anonimato porque as discussões não são públicas.
A ideia está sendo promovida por assessores políticos próximos ao presidente preocupados com o atraso no plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de lançar um novo programa social que reformule o Bolsa Família, enquanto a inflação sobe e as eleições se aproximam na maior economia da América Latina.
No início do mês, o governo encaminhou ao Congresso uma medida provisória repaginando o Bolsa Família, maior programa social do país. A proposta expande o programa e muda seu nome para Auxílio Brasil, mas restrições orçamentárias estão atrasando a solução de longo prazo.
Uma nova rodada de auxílio emergencial, por outro lado, pode ser algo temporário, mas seria uma solução mais fácil, já que é um tipo de despesa que pode ser feita fora do teto de gastos. Mais liberação de recursos para os mais pobres poderia ser justificada pelo fato de que o Brasil continua sendo assolado pela pandemia, especialmente pela variante delta, disse, sob reserva, uma pessoa que acompanha internamente as discussões.
A inflação em mais de 9% ao ano, o desemprego de dois dígitos e uma política errática no enfrentamento da crise do coronavírus têm pesado na popularidade do presidente.
Aumentar as transferências de dinheiro diretamente para os pobres poderia impulsionar seus números nas pesquisas, como aconteceu no ano passado, quando generosos desembolsos mensais elevaram seus índices de aprovação a níveis históricos.
Bolsonaro tem feito pressões por um valor maior no benefício. O Bolsa Família paga, em média, R$ 192, mas o presidente já falou publicamente que deseja chegar a R$ 400. Já os cálculos do Ministério da Economia indicam um máximo de R$ 300.
A equipe presidencial sabe o quanto este programa é importante para os brasileiros mais pobres, principalmente no nordeste do país. Nos bastidores, o governo reconhece que essa ajuda é uma fonte importante de votos para seu criador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal oponente de Bolsonaro na eleição de 2022 até agora.
O auxílio emergencial começou a ser pago em 2020 e já foi renovado diversas vezes. Neste ano, custou aos cofres públicos R$ 36 bilhões até julho, de acordo com a Secretaria de Tesouro. A expectativa é de que ele terminasse em outubro, quando então o novo programa social estaria pronto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é contra a prorrogação do auxílio, disseram as autoridades.
Procurado, o Ministério da Economia disse que Guedes não trabalha com a possibilidade de uma nova rodada de auxílio emergencial, mas com o lançamento do novo programa social. O Palácio do Planalto e o ministro da Cidadania, João Roma, não responderam de imediato.