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Em ano “ruim”, ações de bancos brasileiros podem subir 32%, diz Credit Suisse

27 jan 2020, 16:52 - atualizado em 27 jan 2020, 16:52
Distinção: Banco do Brasil foi o único que teve preço-alvo elevado pelo Credit Suisse (Imagem: Equipe Money Times)

Os bancos brasileiros não terão muito o que comemorar neste ano, mesmo diante da expectativa de que a economia cresça 2,5%, o consumo se fortaleça e, com ele, a concessão de crédito. A avaliação é do Credit Suisse, que cortou os preços-alvos de Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11).

“Cortamos nossas projeções para o LPA (Lucro por Ação) em média 8% para 2020 e 10% para 2021 para os ‘quatro grandes’”, afirmam os analistas Marcelo Telles, Otavio Tangarelli e Alonso Garcia, que assinam o relatório.

Assim, o preço-alvo do Itaú Unibanco baixou de R$ 45 para R$ 44; o do Bradesco, de R$ 46,67 para R$ 46; e o do Santander, de R$ 56 para R$ 54. O Banco do Brasil (BBAS3) foi o único, cujo preço-alvo subiu – de R$ 68 para R$ 72.

As recomendações, contudo, seguem de outperform (desempenho esperado acima da média de mercado) para Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco. Já o Santander foi promovido de neutro para outperform.

Transição

De qualquer modo, o corte nas projeções reflete a avaliação do Credit Suisse de que o desempenho das instituições não corresponderá totalmente à retomada da economia.

“2020 deve ser um ano de transição para os bancos brasileiros, com o crescimento das primeiras linhas [do balanço] e os ganhos não impulsionados plenamente pelo ciclo positivo de expansão do crédito”, afirma o relatório.

Consumo: volta das famílias às compras não ajudará os bancos, tanto quanto poderia (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

Isso significará, segundo os cálculos dos analistas, que os lucros apresentarão uma “modesta expansão de 2,6%”, em relação a 2019. Outro número destacado é o ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido, na sigla em inglês) dos quatro, que baixou 300 pontos-base para 2020 e 160 pontos para o retorno de longo prazo. O ROE médio esperado para este ano é de 18,75%.

“Acreditamos fortemente que 2020 será o ponto baixo da lucratividade dos bancos, numa transição para um 2021 melhor”, diz o Credit Suisse. O banco suíço enxerga seus pares brasileiros debatendo-se entre duas forças nos próximos meses.

Prós e contras

Do lado positivo, estarão o lucro líquido gerado por juros, que se beneficiará com um longo crescimento de dois dígitos, um mix mais rico de empréstimos, melhores resultados da gestão de ativos e passivos, decorrentes da menor taxa Selic. A alta das tarifas também deve favorecer os bancos.

Do lado negativo, o Credit Suisse lista a reprecificação da carteira de crédito baseada em juros fixos, aumento da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) de 15% para 20%, e a exposição às turbulências da América Latina.

Os vencedores serão aqueles que souberem, mais do que nunca, gerenciar custos. Para o Credit Suisse, cortar gastos compensará temporariamente o crescimento “mais modesto” das receitas neste ano; e manter a competitividade diante do avanço das fintechs e dos bancos médios – desde que parte desses cortes seja repassada para os clientes.

Feitas as contas, apesar de todos os problemas pela frente, os bancos ainda são uma opção atraente para quem quer lucrar com as suas ações, de acordo com os analistas. “O setor oferece um potencial de alta de 32% sobre os níveis atuais”, afirmam. Como comparação, na média, o mercado espera uma alta de 15% no Ibovespa, o principal indicador da B3 (B3SA3) neste ano. Imagine, se este fosse um ano com tudo a favor dos bancos brasileiros.