Política

Em agosto BC definirá necessidade de alterar ritmo de ajuste monetário, diz Serra

14 maio 2021, 13:11 - atualizado em 14 maio 2021, 14:09
Bruno Serra
“Sinalizar que, dado o cenário básico, o ajuste é parcial é o máximo que a gente consegue sinalizar”, disse Serra (Imagem: Flickr/Banco Central)

O Banco Central já indicou intenção de promover outro aumento de 0,75 ponto percentual na taxa Selic em junho, se as condições permitirem, mas daí para frente “não tem nenhuma sinalização”, disse nesta sexta-feira o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, destacando que não é possível antecipar se o ritmo de aperto será mantido na reunião do Comitê de Política Monetária de agosto.

“Sinalizar que, dado o cenário básico, o ajuste é parcial é o máximo que a gente consegue”, disse Serra durante webinar do banco Credit Suisse.

“Lá (agosto) a gente vai ter capacidade de decidir se vai ser necessário reduzir ou se vai ser necessário manter o ‘pace’ (ritmo), ou se vai ser necessário qualquer outra coisa”, acrescentou o diretor.

Segundo ele, os juros serão sempre o necessário para entregar a inflação no centro da meta.

O BC elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual pela segunda vez consecutiva no início deste mês, a 3,5%, e anunciou a intenção de promover nova alta da mesma magnitude em sua próxima reunião de política monetária, em junho.

O BC também avaliou como apropriado o processo de “normalização parcial” da taxa de juros –ou seja, um aperto que ainda mantenha um estímulo à atividade.

Questionado se não seria importante o BC atuar para evitar uma desancoragem das expectativas de inflação para 2022, a exemplo do que teria acontecido em 2021, Serra afirmou que o compromisso da autoridade monetária com o centro da meta é claro e que, caso o consenso de mercado para a inflação do próximo ano comece a descolar “ainda mais”, o BC mudará sua atuação.

Banco Central
O BC também avaliou como apropriado o processo de “normalização parcial” da taxa de juros –ou seja, um aperto que ainda mantenha um estímulo à atividade (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

“Se ele mudar, o BC vai ter que mudar sua reação, nada de errado nisso”, afirmou o diretor, ressaltando que o raciocínio se aplica a outras condicionantes da inflação, como câmbio.

Caso essas condicionantes apontem a necessidade de um ajuste total ou maior do que o total na política monetária, isso será feito, afirmou Serra.

O mercado espera que o IPCA feche o próximo ano em 3,61%, um pouco acima do centro da meta, que é de 3,5%. Para este ano, quando a meta central é de 3,75%, mediana da pesquisa Focus do BC com analistas aponta para uma inflação de 5,06%. Nos dois anos a meta tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Em sua apresentação, Serra afirmou que, com a retomada econômica global, a tendência é que haja uma maior demanda por serviços, com redução da parcela da renda destinada a bens, o que tende a conter os preços das commodities, que nos últimos meses têm contribuído para pressionar a inflação.

Serra afirmou que o aumento da inflação de serviços no país é até desejável, uma vez que ela tem corrido a níveis bem inferiores ao da meta, mas ele pontuou a dificuldade do BC em projetar esses preços à frente dado o que chamou de “incógnita” nos indicadores do mercado de trabalho.

Para o diretor, as mudanças na Pnad do IBGE, cujas pesquisas passaram a ser feitas remotamente durante a pandemia, e do Caged, onde houve mudança de metodologia, têm dificultado as comparações com períodos anteriores, gerando incertezas nas projeções para o mercado de trabalho.

(Atualizada às 14h09)

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