Coluna do Fernando Luiz

Em 2024, você irá começar errando

09 jan 2024, 13:03 - atualizado em 09 jan 2024, 13:07
2024
“Minha sugestão é que investir em ações deve ser algo feito recorrentemente e não esporádica”, escreve o colunista (Imagem: Pixabay)

É sempre assim que penso todo começo do ano. Começamos tentando projetar como será e, claro, erraremos. 

É impossível saber para onde o mercado vai no curto prazo. Como diria Warren Buffett, “no curto prazo, o mercado é somente uma máquina de votação. No longo prazo, o fundamento dos negócios suplanta a incerteza”. Estamos na época em que as casas soltam suas famosas previsões para o ano seguinte e os investidores adotam as suas estratégias de acordo com os relatórios. Sim, todos vão errar!

Nos primeiros seis meses de 2023, as projeções dos melhores gestores de multimercados eram de catástrofe, o que se mostrou completamente errado e o ano acabou com a grande maioria deles indo muito mal.

O fato é que mesmo os supostamente mais preparados não possuem qualquer habilidade preditiva diferente de qualquer pessoa.

“Previsões falam muito mais sobre os previsores do que sobre o futuro”, já diz também Buffett. Além disso, a literatura mostra que o grande trunfo dos previsores é não serem confrontados com seus erros ao longo do período de previsão. Se fossem, todos seriam descredibilizados e teriam que procurar outro emprego. 

A prática dos investimentos em empresas é bem mais simples do que ficar tentando acertar para onde o mercado vai: negócios bons performam melhor em cenários bons, obviamente; e de forma regular em cenários ruins, impedindo perdas relevantes. 

O problema é saber o que é um bom negócio. Este é o verdadeiro problema. É comum ouvirmos que tal ação está barata. Mas o que é barato? Uma empresa muito alavancada e que está crescendo ao redor de 30% ao ano está barata? Mas e se a taxa de juros for para 15%? Há uma série de questões qualitativas no meio.

E a maioria delas interfere em indicadores muito importantes como o retorno sobre o capital investido e a capacidade dos negócios de gerar caixa livre, além do próprio crescimento e o investimento necessário para atingi-lo.

Minha sugestão é que investir em ações deve ser algo feito de forma recorrente e não esporádica. Por exemplo, se a decisão do investidor for aportar R$ 10 mil em um ano, melhor seria diluir os aportes ao longo dos meses e, quando o mercado corrigir para baixo sem as pessoas entenderem o porquê, ampliar o aporte naquele momento, mas sempre devagar.

A regra de bolso que serve para quase todos os investidores é que investimentos devem ser voltados para o longo prazo e não resgatados para virar consumo. Só desta forma que os juros compostos conseguem trabalhar.

Empresas, às vezes, vão mal. Mas quando a performance negativa ocorre por um motivo exógeno a seu negócio, é hora de comprar mais.

Já quando o negócio vai mal porque perdeu uma característica que tinha é o momento de reduzir a posição e verificar o que está acontecendo. Sempre, claro, trabalhando com uma margem de segurança.

Como diria Charlie Munger, “gerir recursos não é fácil. E quem acha isto é um idiota”. Na prática, o que vemos depois de mais de 20 anos no mercado é que cada vez mais gente conhece os grandes investidores, mas cada vez menos, proporcionalmente, seguem os ensinamentos deles.

O investidor brasileiro continua dando muito mais valor à intuição do que ao conhecimento tácito e histórico sobre negócios, empresas, investidores e ciclos econômicos. Não comece errando em 2024!

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