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Eleven Financial mantém apostas na carteira de renda fixa para setembro

05 set 2019, 15:16 - atualizado em 05 set 2019, 15:24
Os analistas entendem que o posicionamento mais atrelado à inflação e CDI, mesmo em queda, sejam mais prudentes neste momento (Imagem: Pixabay)

Por Investing.com

A Eleven Financial Research atualizou a carteira recomendada de investimentos para o mercado de renda fixa para setembro, mantendo a mesma composição de agosto, composta por três papéis do Tesouro Direto: NTN-B Princ (IPCA+) 2035 (15%), NTN-B Princ (IPCA+) 2024 (50%) e LFT (Tesouro Selic) (35%).

As recomendações têm como objetivo trazer retorno, no médio prazo (12 meses), superiores ao CDI, utilizando apenas investimentos com baixo risco de crédito ou excelente liquidez, principalmente os títulos públicos do Tesouro Direto.

Os analistas entendem que o posicionamento mais atrelado à inflação e CDI, mesmo em queda, sejam mais prudentes neste momento. Apesar da maior atratividade de papéis prefixados, a avaliação é que o risco inflacionário justifica o carrego tático de títulos curtos (até 3 anos) apenas se a remuneração for superior a 120% do CDI. Por hora, a decisão foi por manter a carteira inalterada, na aposta de que o cenário externo trará poucas surpresas negativas até o final do mês.

A casa de análises, mesmo com o movimento adverso da curva sobre a NTN-B 2035, não pretende dar recomendação de saída antes de outubro. Na visão dos analistas, os próximos passos da reforma da Previdência irão determinar se o movimento é tático ou estratégico. Na conjuntura atual o principal risco de posições longas atreladas a inflação é político.

Agosto

A equipe destaca que o mês passado foi bastante desafiador para o mercado de juros. A guerra comercial entre a China e os EUA continua ditando a dinâmica econômica global. Desta forma, mesmo após o FED voltar a cortar os juros, as expectativas sobre o PIB global se mantêm pessimistas no curto prazo – pelo menos até os dois países retomarem as negociações.

Outro pondo de destaque é que ainda não ocorreu uma queda efetiva de juros por parte do BCE, porém alguns países da Zona do Euro já sinalizaram que devem aumentar os gastos públicos.

Dentre os países latino-americanos, os analistas colocam como destaque negativo a Argentina. O resultado das eleições primárias pesou sobre o mercado brasileiro por conta da relevância do país vizinho em alguns setores da economia. O favoritismo da chapa Fernández-Kirchner nas eleições primárias forçou o governo argentino a realizar uma série de medidas emergenciais drásticas para combater a fuga de capitais.

Mercado Interno

A cada de análises avalia que os indicadores de atividade econômica local começaram a apresentar um leve sinal de melhora, com crescimento de 0,4% do PIB no 2T19, acima das expectativas do mercado (0,2%). Refletindo esse resultado, as projeções de crescimento do PIB no Focus voltaram a subir após meses de queda, atingindo 0,87% (vs. 0,80% há quatro semanas). Não houve alterações para o PIB de 2020. Com isso, ainda que o cenário externo prejudique o desempenho da atividade, os analistas projetam a continuação do processo gradual de recuperação econômica.

A Eleven destaca ainda que último comunicado o Copom sinalizou continuidade no processo de afrouxamento monetário. As projeções do último Focus apontam que a taxa básica de juros pode chegar a 5,00% no final de 2019 e a 5,25% em 2020. Os números são 50bps e 25bps menores do que as estimativas do início do mês de agosto, respectivamente.

Apesar da inflação relativamente comportada, da retomada gradual da atividade econômica, combinada com o balanço de riscos mais complexo, a equipe entende que o espaço para cortes adicionais nos juros é reduzido. A equipe de macroeconomia avalia que o repasse da desvalorização do câmbio sobre os preços (pass-through) também pode corroborar para o aumento da inflação nos próximos trimestres. Para eles, a Selic pode chegar a 5,50% em 2019 e 6,00% em 2020.