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Eletrobras: sem MP da privatização, ação cai para R$ 30, diz analista

17 jun 2021, 12:29 - atualizado em 17 jun 2021, 12:45
O texto tem até 22 de junho para ser votado. Caso contrário, caducará e o processo terá que começar novamente (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A Medida Provisória da privatização da Eletrobras (ELET3) caminha no Congresso, mas possíveis “jabutis”, ou seja, alterações no texto original, deixam os mercados aflitos.

“Se no Congresso foram colocados assuntos alheios a privatização (necessidade de contratação de termoelétricas, por exemplo), no Senado essa tendência só se agravou”, aponta a Genial Investimento em rápido comentário enviado a clientes.

O texto tem até 22 de junho para ser votado. Caso contrário, caducará e o processo terá que começar novamente.

“Se a MP vir a caducar, a ação fatalmente sofreria uma realização e passaria a negociar na casa dos R$ 30-35/ELET3 – ou seja, o nível de preços antes da discussão da privatização tomar forma”, afirma a corretora.

Atualmente, os papéis negociam a R$ 45.

A Genial tem recomendação de compra para a estatal, com preço-alvo de R$ 44,90.

“O nosso preço alvo considera o cenário base para empresa – ou seja, ela continuaria ser uma estatal. Achamos que é um case com retorno assimétrico (muito a ganhar e pouco a perder)”, pontua.

Para o analista Luis Sales, da Guide Investimentos, a MP tem sofrido diversos adiamentos e aproxima-se do vencimento, o que poderia trazer forte pressão para o papel.

“Mesmo que a proposição seja aprovada pela Casa Alta ainda hoje, a Câmara só terá três dias úteis para chancelar as alterações feitas pelo Senado antes que a proposta perda a sua validade no dia 23 de junho”, lembra.

Ainda sim, o analista permanece confiante em relação a aprovação da MP, principalmente por conta do maior empenho do Governo Federal.

O relator apresentou mais cedo um novo parecer, alterando questões relacionadas à construção compulsória de térmicas a gás (Imagem: Câmara dos Deputados/Najara Araujo)

Resistência

Duas fontes do Senado relataram à Reuters que ainda há resistências ao texto, motivo pelo qual, segundo afirmaram, o governo estaria lançando mão, inclusive, de emendas para convencer os parlamentares. A sessão desta quinta-feira iniciou com atraso e, pouco depois, foi suspensa por 30 minutos.

O relator apresentou mais cedo um novo parecer, alterando questões relacionadas à construção compulsória de térmicas a gás.

Na tentativa de facilitar a aprovação do parecer, o relator da proposta, Marcos Rogério (DEM-RO), acatou uma série de emendas dos colegas, muitas vezes bem específicas e ligadas às questões regionais, e não necessariamente relacionadas ao escopo central da MP.

Segundo uma das fontes, governo e relator têm “jogado pesado” nessa estratégia, apostando que isso irá trazer mais votos favoráveis à polêmica MP.