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Eletrobras (ELET6): Após privatização da estatal, Petrobras (PETR4) e Correios podem ser os próximos?

20 maio 2022, 16:41 - atualizado em 20 maio 2022, 16:48
privatização Eletrobras
Economistas dizem que Eletrobras foi a última privatização do governo, e que Petrobras e Correios não serão vendidos (Imagem: Reuters/Pilar Olivares)

Tribunal de Contas da União (TCU) formou maioria para aprovar a privatização da Eletrobras (ELET6), nesta última quarta-feira (18).

Economistas ouvidos pelo Money Times disseram que essa foi a última privatização do governo Bolsonaro, pois os sonhos do ministro da Economia, Paulo Guedes, de vender a Petrobras (PETR4) e os Correios não vão se tornar realidade até o final do ano.

Para o professor e economista da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Feldmann, o governo não fará nenhuma outra privatização em 2022 por conta das eleições, que devem congelar todas as tramitações no Congresso.

“Eu acho muito difícil pautas mais polêmicas avançarem pelo Congresso agora, ainda mais em momento eleitoral, visto que os parlamentares podem se complicar com os eleitores, isso seria suicídio político”, diz Feldmann.

Segundo Alberto Azjental, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a única grande reforma liberal feita no governo foi a da Previdência, o que, para ele, expõe o baixo rendimento do governo em cumprir suas propostas liberais.

“O estudo apresentado por Sachida é apenas uma jogada midiática. Para privatizar uma grande empresa como a Petrobras, precisa de um estudo de anos e um grande apoio do Congresso, o que não vai acontecer às vésperas das eleições”, diz Azjental.

Segundo Feldmann, até mesmo a privatização dos Correios, que já passou pela Câmara, e está presa no Senado, não vai avançar.

“Além da privatização dos Correios ser uma pauta polêmica próxima da eleição, ela está parada no Senado por uma ausência de uma liderança articuladora do governo, o que dificulta mais ainda a aprovação do projeto”, explica.

Outro ponto levantado foi a atuação de Guedes. Para Azjental, o ministro da economia de Bolsonaro “não conseguiu transformar o Brasil em um país liberal, mais moderno e eficiente”.

“A atuação de Guedes foi medíocre, e a privatização da Eletrobras não vai abrilhantar o trabalho governo. Ele não conseguiu privatizar os Correios, não fez reforma tributária, não fez reforma administrativa, nada disso. O governo FHC foi muito melhor, privatizou e criou agências regulatórias”, diz o especialista da FGV.

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Mas afinal, Privatização da Eletrobras é positiva para sociedade?

A privatização da Eletrobras, que já foi aprovada pelo Congresso, prevê a capitalização da companhia na Bolsa de Valores, fazendo com que o governo deixe de ser o dono da maioria das ações da empresa.

Os economistas divergem sobre a privatização da companhia, se ela pode ser positiva  ou negativa para a população brasileira.

Para Feldmann, da USP, algumas companhias devem permanecer sobre controle do Estado, como Petrobras e a própria Eletrobras, pois são setores vitais e de grande interesse do país. Ele relembra os problemas que o Amapá enfrentou com o apagão durante a pandemia.

“O Amapá ficou sem luz por um tempo enorme e a companhia elétrica da região era uma empresa privada, que não fez as manutenções na rede. Outro ponto é que naquela época quem socorreu foi a Eletrobras, que era estatal, agora imagine aquela situação sem a Eletrobras”, diz.

Ele também relembra que o projeto pode causar um aumento na conta de luz. A tese foi confirmada por um integrante do TCU na véspera.

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, afirmou ser possível um aumento nas tarifas de energia em um “primeiro momento”, após a privatização da Eletrobras.

Mas, no médio e longo prazo, disse ele, isso não vai acontecer devido a aumento de concorrência e surgimento de novas tecnologias. Nesse ponto, mencionou mais de uma vez o hidrogênio verde.

“Talvez haja aumento de tarifa de energia num primeiro momento, mas, a médio e longo prazos, não. Isso vai depender dos investimentos, do mercado. Porque vai abrir a concorrência e o mercado vai se tornar propício a novas tecnologias”, disse o ministro, que votou favoravelmente ao processo de desestatização.

Já Azjental, da FGV, possui uma visão diferente de Feldman, o economista vê na privatização da Eletrobras uma possibilidade de crescimento da companhia.

“Embora a empresa reporte bons lucros, ela precisa de muito investimento para crescer, algo que o estado não pode prover. Além disso, a companhia em mãos privadas fica mais eficiente com corte de custos, com menos funcionários, com uma melhor governança corporativa e sem apadrinhamentos políticos para cabides de emprego”, conclui Azjental.

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(Com informações da Agência Estado)