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Eletrobras (ELET3;ELET6): Privatização pode destravar até R$ 70 bilhões, projeta Goldman Sachs

11 abr 2022, 16:23 - atualizado em 11 abr 2022, 16:23
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Segundo o Goldman Sachs, se o processo de desestatização via oferta de ações for completamente bem-sucedida, a criação de valor da Eletrobras pode ser semelhante à dos pares privados (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

O processo de capitalização da Eletrobras (ELET3;ELET6) pode desbloquear valor significativo para a companhia, avalia o Goldman Sachs.

Segundo o banco, se o processo de desestatização via oferta de ações for completamente bem-sucedido, além de entregar melhores ganhos de eficiência, a criação de valor da Eletrobras pode ser semelhante à dos pares privados.

“Com o tempo, vemos espaço para a companhia focar em oportunidades de crescimento e otimização de estrutura de capital de sua atual alavancagem 1 vez dívida líquida/Ebitda (bem abaixo da média do setor), tanto com investimentos quanto com dividendos”, afirmam Pedro Manfredini, Flavia Sounis e Bruno Vidal, em relatório divulgado nesta segunda-feira (11).

O Goldman estima que a potencial capitalização pode destravar R$ 65-70 bilhões em valor patrimonial à companhia. O cenário de capitalização projetado pelo banco implica faixas de valuation de R$ 65-67,60 para a ação ordinária e R$ 71,80-74,60 para o papel preferencial.

“Relembramos nossa análise de abril de 2021, que mostra uma oportunidade de lucros significativos e valor patrimonial, além do nosso modelo atual, vindo de ganhos de eficiência e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) adicional, potenciais negociações de provisão, melhora na percepção de risco levando a um custo de capital próprio menor e otimização de balanço via aquisições”, afirmam os analistas.

O Goldman reforça a recomendação de compra para a Eletrobras, com preços-alvo que ainda não refletem a privatização de R$ 46 (ELET3) e R$ 51 (ELET6) para os próximos 12 meses.

Os contras da capitalização

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou em fevereiro a primeira etapa da privatização da Eletrobras.

Mesmo com o ministro Vital do Rêgo reconhecendo que o valor de venda da estatal está subestimado (para o magistrado, a empresa deveria ser privatizada por R$ 130 bilhões, quase o dobro do valor do patrimônio avaliado pelo governo, de R$ 67 bilhões), a aprovação foi realizada sob a modelagem apresentada pela União.

Em assembleia geral extraordinária, a maioria dos acionistas aprovou os termos para o processo de desestatização da companhia, entre eles a emissão das novas ações e a reestruturação societária da empresa. Os acionistas também deram sinal verde para o conselho de administração definir o cronograma, a estrutura e os demais termos e condições da oferta.

No início deste mês, o governo federal autorizou uma oferta secundária de ações da Eletrobras para dar maior segurança ao procedimento de desestatização da companhia, previsto para este ano.

A modelagem para a privatização da companhia está para ser avaliada pelo TCU.

O processo, ainda que esteja andando, pode enfrentar mais desafios, afirma o Goldman. O risco de um novo atraso ainda existe, com a proximidade das eleições em outubro.

“Se a aprovação final e a precificação da oferta não estiverem completas antes de 12 de maio, pode haver atraso adicional, já que a companhia precisaria revisar sua proposta para refletir os registros do primeiro trimestre de 2022 versus registros do quarto trimestre de 2021”, destacam Manfredini, Sounis e Bruno Vidal.

Porém, até mesmo com a capitalização, existem alguns reveses.

Segundo o Goldman, as renovações de concessão incluídas na proposta de capitalização deixaria a Eletrobras com aproximadamente 60% de sua capacidade fora de contrato nos próximos anos, aumentando sua exposição a preços menores e adicionando volatilidade à tese.

O Goldman diz que a Eletrobras terá 6,6 GW de capacidade sem contrato adicionados ao portfólio até 2027, ao passo que contratos sob o sistema de cotas terminam e companhias de distribuição enfrentam um cenário de sobrecontratação, levando a níveis menores de reposição para esses contratos. Isso acabaria aumentando a exposição da empresa à variação de preços de energia.

Para cada R$ 10/MWh de mudança nos preços de energia, o Goldman estima um potencial impacto de R$ 850 milhões no Ebitda da Eletrobras.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.