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Eletrobras (ELET3): Reestatização não teria sentido em novo governo, diz CEO

03 out 2022, 16:55 - atualizado em 03 out 2022, 16:59
Wilson Ferreira
“Qualquer governo que venha a ser desenhado vai encontrar uma companhia completamente diferente”, afirma presidente da Eletrobras (REUTERS/Amanda Perobelli)

O presidente da Eletrobras (ELET3), Wilson Ferreira Junior, disse na semana passada não acreditar que um eventual governo Lula (PT) tente reestatizar a companhia. 

Ferreira Júnior tomou posse como presidente da companhia no mês passado, voltando ao posto ocupado entre 2016 e 2021.

O executivo disse que não vê a possibilidade de alterações em relação a capitalização e citou o alto custo para recompra de ações. “Se quiser dar passo para trás, reestatizar, isso vai custar”, destacou. 

“No caso específico da Eletrobras, o ‘poison pill’ [mecanismo de proteção para acionistas minoritários] é quase três vezes o valor negociado na Bolsa”, afirmou Ferreira. “Não tem sentido econômico”. 

Para ele, a melhoria na capacidade de investimento da companhia interessa ao país. “O governo tem uma participação relevante na empresa, e acredito que interesse mais ter participação em uma empresa que invista no Brasil”, disse. 

Em relação ao futuro do processo de capitalização, Ferreira Junior comentou que espera “retomar um trabalho que trouxe a companhia até aqui”. 

A retomada, de acordo com o presidente da Eletrobras, é um caminho relevante para a empresa, com o que ele avalia como “novos horizontes sem as amarras de uma empresa estatal”. 

Ele destacou ainda perspectiva de crescimento da empresa que é a maior do ramo de energia da América Latina.

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Novo Mercado

A primeira decisão do novo presidente da Eletrobras é viabilizar o processo de transformação por meio do chamado “Escritório da transformação”. 

O “escritório” faz parte de uma nova estrutura organizacional que visa consolidar os objetivos da companhia no pós-privatização, centralizando a gestão e focando em temas como o de ESG (Environmental, Social and Governance) – principalmente, no quesito governança. 

Em linhas gerais, a empresa busca uma migração para o Novo Mercado, segmento da B3 que reúne empresas com o mais alto padrão de governança corporativa

Além disso, companhia manterá esforço para simplificar sua estrutura acionária, segundo o CEO. Para Ferreira, esses movimentos demonstram a “importância de agir como um grupo econômico”. 

O planejamento incluí, segundo ele, um novo plano de demissão voluntária, que será lançado em novembro – com foco em empregados com idade para se aposentar e na redução de custos, de acordo com o executivo. 

Ferreira adianta que “qualquer governo que venha a ser desenhado vai encontrar uma companhia completamente diferente”.

“Uma companhia desalavancada, com a possibilidade de se colocar como uma das mais eficientes, exemplo de governança, capacidade para investir e atender o crescimento do Brasil”, afirmou.