Eletrobras (ELET3) quer vender fatia da ISA Cteep (TRPL4): o que fazer com o papel?
A Eletrobras (ELET3) agradou o mercado com o registro de oferta secundária para vender parte de sua participação de 35,74% na ISA Cteep (TRPL4), comunicado na sexta-feira (12). Ao todo, podem ser colocados no mercado até 130 milhões de papéis.
Inicialmente a operação será de 60 milhões de ações, no entanto, poderá ser acrescida em 116,7% — equivalente a 70 milhões de ações — para atender eventual excesso de demanda. Conforme o cronograma divulgado, a fixação do preço será no dia 18 de julho.
A venda da participação da Eletrobras já era especulada desde a privatização da companhia, em 2022, em meio a um processo de enxugamento do seu portfólio. No ano passado, a ex-estatal tentou lançar a oferta, porém não havia conseguido aval dos debenturistas.
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Para o BTG Pactual, a transação é positiva para a Eletrobras, que além de melhorar sua liquidez, se alinha com o plano estratégico pós-privatização da companhia de vender ativos não essenciais e se concentrar em sua recuperação. O banco tem indicação de compra para ELET3, com preço-alvo de R$ 55.
Os analistas avaliam ainda que, se a oferta for totalmente subscrita, a companhia venderá 55% de sua participação na Transmissão Paulista, de modo que suas 105,5 milhões de ações remanescentes poderão ainda deixar uma pressão sobre a ação.
“Em março de 2024, a Eletrobras tinha 30,68% de sua participação na Cteep vinculada a garantias judiciais. No entanto, a empresa poderia substituir essas garantias por outros ativos ou desbloquear as ações vencendo disputas legais, como vem fazendo após a privatização”, explicam.
A oferta deverá melhorar a liquidez das ações da ISA Cteep, uma vez que seu free float poderá aumentar para 48% caso a Eletrobras opte por vender as 130 milhões de ações.
“Para fins de valuation, em nosso modelo ELET, avaliamos a Cteep usando nosso preço-alvo de R$22/ação, de modo que vemos espaço para geração de valor se a oferta for executada acima desse preço”.
Analistas da Genial Investimentos também veem o evento como positivo, no entanto, ponderam que está longe de trazer impactos transformacionais para a tese. A casa tem indicação de compra, com preço-alvo de R$ 52.
Mesmo com a queda que TRPL4 teve na sexta-feira (12), os analistas veem a ação negociando com pouco upside (potencial de alta) em relação ao preço-alvo e com uma Taxa Interna de Retorno real implícita de 8,4%.
“Sendo assim, caso a Eletrobras consiga venda sua participação nos termos atuais, julgamos que terá sido a um preço bem razoável”.
Na avaliação da Genial, a Eletrobras deve distribuir esses recursos no formato de dividendos.
“A empresa fechou o 1T24 com endividamento de R$ 42 bilhões e uma relação dívida líquida/Ebitda de 2,4x – julgamos esse valor mais do que suficiente para sustentar o plano de investimento da empresa, tendo em vista principalmente a natureza do negócio da empresa: geração e transmissão, negócios estáveis, receita garantida e de longo prazo”.
Atualmente, a Eletrobras possui 25,1 milhões de ações ordinárias (TRPL3) e 210,3 milhões de ações ordinárias (TRPL4), representando uma fatia de 9,7% e 52,5%, respectivamente, com uma participação total de 35,7% dentro da empresa.