Eletrobras (ELET3) quer capitalização “o quanto antes”, não vê impacto de Santo Antônio no processo
A Eletrobras (ELET3) pretende realizar a oferta de capitalização “o quanto antes”, possivelmente em junho, ainda que a data limite para fazer a operação com base nos resultados financeiros do primeiro trimestre seja em meados de agosto, disse nesta terça-feira o CEO da estatal, Rodrigo Limp.
Em teleconferência para comentar o balanço trimestral, o executivo avaliou ainda que o imbróglio relacionado a um aumento de capital na Santo Antônio Energia, da qual a Eletrobras é acionista, não deve ter impacto sobre o processo de desestatização.
O Tribunal de Contas da União (TCU) retoma na quarta-feira sua última análise sobre a privatização da Eletrobras e ainda não há clareza sobre o potencial resultado do julgamento, embora a expectativa seja positiva, afirmou Limp.
Para o CEO da elétrica, a posição conjunta dos ministros do TCU ainda não está clara. Após a decisão da Corte, a companhia irá analisar o acórdão para avaliar eventuais impactos em termos já aprovados para a privatização pela assembleia de acionistas e pelo governo.
Limp preferiu não comentar datas específicas para os próximos passos da oferta após o aval do TCU, como o “road show” com investidores e a publicação do prospecto da oferta de ações.
Em relação ao cronograma para a oferta de capitalização, ele reiterou que o melhor cenário é a realização “no menor prazo possível”. SANTO ANTÔNIO ENERGIA A Eletrobras ainda está analisando possíveis cenários para a Santo Antônio Energia, que passa por um processo de aumento de capital bilionário para fazer frente a uma decisão arbitral desfavorável.
Ele evitou comentar sobre a disposição de outros acionistas do empreendimento em acompanhar o aumento de capital, mas lembrou que a companhia já havia alertado em relatório sobre a possibilidade de se tornar acionista majoritária caso os demais sócios não façam o aporte.
A subsidiária da Eletrobras Furnas tem a maior fatia do capital da Madeira Energia (43,06%), empresa que controla a concessionária da usina hidrelétrica Santo Antônio, uma das maiores do país.
Além de Furnas, são acionistas na Madeira Energia a Novonor (antiga Odebrecht, com 18,25%), Caixa FIP Amazônia Energia (19,63%), SAAG (veículo da Andrade Gutierrez, com 10,53%) e Cemig (8,53%).
Até o momento, apenas a Cemig (CMIG4) disse publicamente que não irá acompanhar o aumento de capital na Madeira Energia.
“Hoje estamos fazendo avaliação de todos os cenários, inclusive o de que (outros sócios) não façam o aporte. Não saberíamos quantificar o que aconteceria no eventual pior cenário, mas eventualmente teria que fazer uma negociação com credores”, disse Limp.
Caso a Eletrobras se torne acionista majoritária após a operação, ela passaria a incorporar a concessionária em balanço, impactando seu endividamento.
A diretora financeira da Eletrobras, Elvira Presta, ressaltou que a eventual incorporação da empresa poderia ter um impacto mais imediato na dívida da companhia, mas que gradualmente ela também seria beneficiada com aumento de Ebitda.
O CEO da Eletrobras disse que o processo da Santo Antônio Energia é “completamente independente” do que foi decidido na privatização e não vê impacto.
Na semana passada, a Fitch Ratings avaliou em relatório que a Eletrobras é o único acionista que pode se interessar e ter recursos disponíveis para fazer o aporte de capital na Madeira Energia.
“Os grupos Odebrecht e Andrade Gutierrez têm liquidez restrita, com menor disponibilidade de caixa para aporte de capital”, disse a Fitch, acrescentando que vê como “administrável” para a Eletrobras até mesmo a injeção total de capital de 1,6 bilhão de reais na Madeira Energia.
Sobre a denúncia apresentada por associações de funcionários da Eletrobras à Security Exchange Commission (SEC), na qual alegam omissão de informações sobre a arbitragem de Santo Antônio, Limp disse que a companhia foi transparente e prestou informações. “Temos bastante segurança dos procedimentos adotados.”
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