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Eletrobras (ELET3): Cenário para preços de energia assombra investidor; ação merece uma chance?

29 jan 2023, 14:50 - atualizado em 29 jan 2023, 14:50
Eletrobras
Investidores estão cada vez mais preocupados com os preços de energia (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O debate sobre os preços de energia no Brasil está esquentando, principalmente para o lado da Eletrobras (ELET3), que é a geradora mais exposta às oscilações, destaca o BTG Pactual.

Investidores estão cada vez mais preocupados com os preços, uma vez que o ciclo hidrológico está forte, com os reservatórios em níveis “bastante confortáveis”, e a oferta de energia mostra excesso (até o fim da década, pelo menos).

Dados do terceiro trimestre de 2022 apontam que a Eletrobras ainda tem uma grande parcela de energia não contratada para os próximos anos. Em 2023 e 2024, a capacidade não contratada esperada está em 30% e 53%, respectivamente. Em 2025, o percentual é de 70%, que sobe para 80% em 2026.

Já o preço médio de venda é de R$ 202,4/MWh em 2023, R$ 205,8/MWh em 2024, R$ 209,1/MWh em 2025 e R$
242,1/MWh em 2026.

“Foi surpreendente ver que a empresa conseguiu reduzir seu portfólio descontratado de 36% para 30% t/t para 2023, garantindo preços de energia acima de R$ 190/MWh, especialmente em um período em que os preços de energia já estavam em queda. Apesar disso, os números mostram que a empresa ainda tem uma grande parcela de energia não contratada para os próximos anos”, reforça a equipe de análise do BTG.

Barata mesmo nos piores cenários

Mesmo com os desafios pela frente, o BTG segue com uma visão positiva para a tese, considerando, além dos preços de energia, as variáveis de iniciativa de cortes de custos e negociações de empréstimos compulsórios.

Pelas premissas do BTG, os preços de energia de 2023 e 2024 devem ser de, respectivamente, R$ 70/MWh e R$ 110/MWh.

No cenário de recuperação com premissas inalteradas, como corte de custo de 60% e redução de 30% nos empréstimos compulsórios, e ajuste de preços, a Eletrobras precifica atualmente um preço de energia de longo prazo de R$ 84/MWh.

Ao assumir um cenário sem corte de custos e sem cortes em provisões de empréstimos compulsórios pendentes, o banco assume que a ação seria precificada em um preço de energia de R$ 139/MWh.

“Apesar do cenário bastante desafiador para os preços de energia no Brasil, esse exercício mostra que a Eletrobras continua barata mesmo nos cenários mais estressados”, destacam os analistas.

O BTG tem recomendação de compra para as ações da Eletrobras, com preço-alvo de R$ 64, o que implica um potencial de valorização de aproximadamente 55% sobre o preço atual.