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Eletrobras diz que lucro não afasta necessidade de capitalização

28 mar 2019, 18:01 - atualizado em 28 mar 2019, 20:34
Presidente da estatal disse que não pensaria em interromper o processo de capitalização (Divulgação/Eletrobras)

A Eletrobras (ELET6) pretende finalizar no segundo trimestre deste ano o modelo que será usado no processo de capitalização, disse hoje (28) o presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior. Na sede da estatal no Rio de Janeiro, Ferreira Júnior detalhou os resultados da Eletrobras em 2018 e falou de perspectivas da empresa para a capitalização, a Usina Nuclear Angra 3 e o quadro de funcionários.

O presidente da estatal disse que não pensaria em interromper o processo de capitalização por conta do lucro de 2018, que chegou a R$ 13,3 bilhões. No ano anterior, a Eletrobras havia registrado prejuízo de mais de R$ 1,7 bilhão.

Ferreira Junior explicou a conclusão citando os dividendos mínimos obrigatórios de R$ 3,5 bilhões, que a companhia não tem perspectiva de caixa para pagar, e a necessidade de conseguir um sócio privado para concluir Angra 3, já que o investimento requerido para concluir o projeto chega a R$ 15 bilhões.

“São dois elementos, seja no investimento, seja na remuneração do acionista, que demonstram que a companhia melhorou muito, produziu lucro, mas não tem capacidade financeira suficiente para pagar dividendos mínimos nem ousar em investimentos maiores. Por isso, a necessidade de capitalização.”

Com a modelagem do processo de capitalização pronta até junho e a conclusão de discussões importantes no Congresso no primeiro semestre, a expectativa do governo, segundo ele, é que a capitalização possa ocorrer ainda este ano.

Angra 3

Sobre a construção da terceira usina nuclear brasileira, a Eletrobras no momento discute o formato com que pode agregar um sócio ao projeto. Essa definição deve ser concluída neste semestre, junto com a redação do edital que será usado para buscar esse parceiro internacionalmente. No segundo semestre, deve ocorrer a concorrência internacional.

A Usina Angra 3 precisa ser concluída até 31 de dezembro de 2025, para que possa funcionar a partir de 1º de janeiro de 2026. Segundo Ferreira Junior, a obra pode levar 55 meses, em uma previsão conservadora, mas 63% do trabalho já estão feitos.

“Se a gente seguir esse cronograma, temos mais de um ano para que se possa mobilizar o cara [sócio] em canteiro de obra e começar a obra com 55 meses e terminar ela antes de 31 de dezembro de 2025”.

A obra da usina está parada desde 2015, e suspeitas de corrupção levaram à prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco, na Operação Descontaminação.

O presidente da Eletrobras afirmou que os contratos ligados a essa obra passaram por uma investigação independente e boa parte das informações foi compartilhada com o Ministério Público Federal. “Somos assistentes de acusação nesse processo”, disse.

O executivo também comentou o atual Programa de Demissão Consensual da Eletrobras, que tem cerca de 300 pessoas inscritas até o momento. A empresa deve realizar mais processos desse tipo até o fim de 2019, uma vez que começou o ano com mais de 14 mil funcionários e pretende terminá-lo com 12 mil.

Com aposentadorias, programas de demissão consensual e privatizações, a Eletrobras já cortou seu quadro de pessoal em cerca de 45%, se comparado aos 26 mil funcionários que tinha há dois anos.

Em uma apresentação a investidores realizada antes da enrevista à imprensa, o presidente da Eletrobras detalhou os resultados da empresa em 2018. Se retiradas as receitas não recorrentes, como as privatizações de subsidiárias, a Eletrobras teve um lucro líquido recorrente de R$ 5,073 bilhões.

Apesar de bem menor que o lucro líquido total, de R$ 13,4 bilhões, o lucro líquido recorrente do ano passado representa um crescimento em relação a 2017.

Entre outros temas, Ferreira Júnior destacou os investimentos da Eletrobras em 2018, que atingiram o menor patamar da década, com cerca de R$ 4,6 bilhões, com 75% dos projetos em andamento realizados.

“A parte boa é que atingimos um dos maiores índices de realização. O ruim é que ainda é pequeno, e pequeno proporcionalmente ao tamanho da Eletrobras”, disse ele, que apesar disso considerou que a empresa está no caminho certo ao reduzir sua alavancagem, o que permitirá mais investimentos no futuro.

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