Eletrobras: As eleições podem parar a privatização da companhia?
O BNDES deu uma nova previsão para o processo de privatização da Eletrobras (ELET6). De acordo com a instituição, a oferta de capitalização da companhia deve ocorrer em meados de março, com a precificação das ações acontecendo em abril.
É possível que ocorra novos atrasos na agenda, uma vez que não há prazo para a privatização da companhia.
Segundo o UBS BB, que tem recomendação de compra para a ação, a desestatização da elétrica deve engatar só na gestão do próximo governo, se for adiada mais uma vez.
Na avaliação do banco, a privatização na segunda metade de 2022 é improvável de acontecer, pois seria próxima ao período eleitoral.
“Depois das eleições, todos os esforços estarão concentrados na nova gestão”, dizem os analistas Giuliano Ajeje e Guilherme Reif, em relatório divulgado nesta quarta-feira (5).
Ajeje e Reif afirmam que a possibilidade de privatização da Eletrobras no segundo semestre do ano aumenta se o presidente da República, Jair Bolsonaro, for reeleito.
E se a privatização não sair?
Os riscos de uma não privatização diminuíram, mas, caso não aconteça, o UBS acredita que o futuro da companhia dependerá da política de energia do próximo governo.
Os analistas destacam que a estatal já foi mal gerida em anos anteriores, e até foi investigada na Operação Lava Jato.
No entanto, os analistas argumentam que a Lei das Estatais (13,303/2016) deve mitigar os riscos de um cenário de não privatização. O texto trouxe mudanças para companhias públicas e mistas, como novos requisitos de pedidos no processo de escolha do conselho de administração das empresas.
Eles também citam a privatização de subsidiárias de distribuição de energia como algo positivo, já que a operação teria deixado a Eletrobras restrita aos negócios de geração de energia e transmissão.
O UBS estima valuation de R$ 30 por ação em caso de não privatização da Eletrobras.
Eletrobras privatizada: quanto valeria?
Para o cenário de privatização, o UBS estima valuation de R$ 70 por ação, dada a melhora no custo de eficiência da companhia.
Os analistas projetam uma redução de opex (despesas operacionais) de 80% até 2023, além de uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de opex entre 2022-2026 20% menor do modelo. A margem Ebitda estimada para 2023 é de 56%, comparável aos pares privados.
“A redução de opex até 2023 é viável, uma vez que a companhia passou por um processo de turnaround recente e já identificou várias áreas de ineficiência”, destacam Ajeje e Reif.
Para exemplificar a tese, os analistas lembram que a Cesp (CESP6) conseguiu reduzir seu opex em aproximadamente 50% dentro de dois anos, considerando que a companhia mudou de gestão e iniciou um processo de turnaround logo depois de ser privatizada.
A tese do UBS considera a possibilidade de privatização. Portanto, o preço-alvo indicado pelos analistas é de R$ 70.
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