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Statkraft pretende quadruplicar capacidade no Brasil em até 5 anos

04 set 2019, 14:36 - atualizado em 04 set 2019, 14:39
Energia solar
A norueguesa opera 22 usinas no Brasil que somam 450 megawatts em operação (Imagem: REUTERS/Jo Yong-Hak)

A elétrica norueguesa Statkraft quer aproveitar o potencial do Brasil para geração renovável para até quadruplicar sua capacidade instalada no país latino-americano nos próximos cinco anos, principalmente com projetos eólicos e solares, mas também com pequenas hidrelétricas, disseram executivos à Reuters.

A expansão deve ser perseguida tanto com possíveis aquisições quanto com participação em leilões governamentais para novos empreendimentos de energia e negociações de contratos no mercado livre de eletricidade, onde grandes clientes como indústrias obtêm o suprimento diretamente de geradores e comercializadoras.

“A companhia procura uma determinada escala e tamanho em mercados que considera ter potencial, e dentro desse contexto eu diria que o Brasil se destaca… tem um recurso eólico e solar de primeira linha mundial e é um mercado que está em processo de liberalização”, disse à Reuters o presidente da unidade no Brasil, Statkraft Energias Renováveis (STKF3), Fernando de Lapuerta.

“Nosso objetivo é aumentar significativamente nossa presença no Brasil, que hoje é pequena. Nos próximos anos, o objetivo seria pelo menos triplicar ou quadruplicar o tamanho… nos próximos quatro a cinco anos”, acrescentou o executivo.

A norueguesa opera 22 usinas no Brasil que somam 450 megawatts em operação, sendo 130 megawatts em eólicas e o restante em hidrelétricas de pequeno e médio porte.

Segundo Lapuerta, a Statkraft tem “vários projetos” eólicos cadastrados para um leilão do governo brasileiro que contratará novas usinas em outubro para operação a partir de 2025, o chamado leilão A-6.

Os certames governamentais, no entanto, têm apresentado baixa demanda das distribuidoras nos últimos anos devido à lenta recuperação econômica do Brasil, ao mesmo tempo em que o forte interesse de investidores pelos contratos de longo prazo oferecidos nas licitações gera uma competição acirrada, derrubando preços.

Com isso, muitas empresas têm procurado viabilizar novos projetos com a venda total ou parcial da produção futura no mercado livre de energia. No último leilão, o A-4, em junho, a maior parte dos projetos vencedores negociou apenas 30% da energia, deixando o restante para venda em contratos privados.

“É um mercado que começa a estar mais competitivo… mas estamos nos preparando para o próximo leilão em outubro e para os do ano que vem… e também trabalhando no mercado livre, na procura dos contratos com grandes consumidores”, disse Lapuerta.

Segundo ele, a empresa pretende viabilizar tanto projetos eólicos e solares, no Nordeste, quanto pequenas hidrelétricas, nas regiões Sul e Sudeste.

“Somos uma empresa que historicamente tem um know-how e conhecimento forte na área hidrelétrica”, disse.

Comercial forte

A estratégia da Statkraft para o Brasil tem passado ainda pelo fortalecimento da área de comercialização de energia, na qual a empresa ampliou a equipe em 40% no último ano, enquanto o portfólio de clientes atendidos triplicou.

O gerente comercial da Statkraft no Brasil, Pablo Becker, que antes teve passagem pelo grupo CPFL, disse que a empresa mudou de foco no segmento a partir de 2018 para ter maior força no atendimento a consumidores finais, além das meras operações de ‘trading’ de energia.

Segundo ele, a empresa também tem sido bastante procurada por investidores que buscam viabilizar projetos de geração no mercado livre, aproveitando para fechar contratos e abastecer seus clientes.

“Pela força financeira do nosso acionista, a gente consegue ser uma boa contraparte”, disse Becker.

Ele destacou ainda que a experiência da Statkraft com operações de comercialização de energia em mercados mais avançados, como o nórdico, dará vantagem importante para a empresa à medida que avancem reformas regulatórias em discussão para o setor elétrico do Brasil, que miram um mercado mais liberalizado.

Entre as mudanças já em avaliação estão a introdução de chamadas semanais de margem para comercializadores de energia e o cálculo horário de preços spot da eletricidade a partir de 2021.

Ambas propostas geraram alguma resistência, com comercializadores e outros agentes preocupados com efeitos das medidas sobre o mercado no curto prazo.

“Esse modelo de chamada de margem não é algo que nos assuste, é algo natural da evolução do mercado… estamos um pouco atrás no Brasil, no mercado europeu já vimos essa realidade –de preço horário, chamada de margem”, apontou.

“Isso abre caminho para novos produtos, produtos financeiros, e é algo para que a gente está bem posicionado”, acrescentou Becker.

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