Eleições x Ibovespa: Vitória de Lula em 2002 e de Bolsonaro em 2018 deixam marcas e lições no mercado
Os filósofos clássicos ensinam que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo se repetem duas vezes. Essa ideologia alemã é exatamente o que se observa nas eleições presidenciais deste ano.
Afinal, os dois principais candidatos na disputa já são velhos conhecidos do mercado. E isso traz importantes lições para o investidor se preparar para o que vem por aí.
Seja quem for eleito em outubro, é possível evitar que um terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva repita a tragédia no dólar em 2002. Ou que a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) seja a mesma farsa no comportamento do Ibovespa em 2018.
A história ensina
Para tanto, basta um olhar atento ao passado recente. Ainda que os números de outrora sirvam apenas para as estatísticas oficiais atuais, tanto o petista quanto o atual presidente deixaram marcas no mercado financeiro doméstico.
No caso do ex-presidente, o destaque foi o dólar. Às vésperas da primeira eleição de Lula, em 2002, a moeda norte-americana flertou com a até então inédita faixa de R$ 4.
Em entrevista exclusiva recentemente ao Money Times, o ex-presidente do Banco Central durante o governo Lula, Henrique Meirelles, lembra que naquela época havia uma expectativa negativa dos investidores estrangeiros e dos empresários brasileiros sobre uma vitória do petista.
O ataque especulativo no real refletiu uma saída de recursos externos do Brasil. “Havia, portanto, uma crise externa”, resumiu Meirelles. Porém, ele ressalta que houve uma recuperação das reservas internacionais “e a situação mudou radicalmente”.
Judicialização eleitoral
Lula também foi protagonista nas eleições de 2018. Ainda que não tenha disputado oficialmente o pleito daquele ano, a não candidatura dele foi fundamental para içar o Ibovespa para níveis recordes à época, acima dos 80 mil pontos.
A euforia dos investidores começou ainda em janeiro, quando o petista foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Em três meses, houve uma sucessão de máximas históricas até Lula se entregar à Polícia Federal, em abril.
Depois, a bolsa brasileira perdeu força e entrou em queda livre, batendo em junho o menor nível em quase um ano. O fôlego de alta só foi renovado quando o fato se consumou, em outubro, com Bolsonaro eleito, o que garantiu o encerramento naquele ano colado à faixa dos 90 mil pontos.
O que aprender com isso?
Agora que o investidor já sabe como o mercado doméstico reagiu em momentos anteriores às eleições, fica o aprendizado: esteja preparado para a reação de curto prazo dos ativos.
Uma vez que os principais candidatos são bem conhecidos, a estratégia da Guide Investimentos é tirar proveito disso. “É melhor ‘investir’ na ideia apontada pelas principais pesquisas eleitorais até o último pregão antes do primeiro turno das eleições – ou seja, nesta sexta-feira (30)”, afirmam os estrategistas, em relatório.
Afinal, qualquer erro só será percebido no dia 3 de outubro, na segunda-feira pós-eleições. Por isso, o foco dos investidores deve estar no longo prazo – ou seja, no decorrer dos quatro anos do governo eleito.
A boa notícia é que as eleições deste ano no Brasil estão menos impactantes nos mercados locais do que em anos anteriores. “A performance do Ibovespa em 2022 até agora não foi espetacular e não demonstra nenhuma grande oscilação em função das eleições”, resumem Fernando Siqueira, Victor Beyruti e Rafael Pacheco.
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