Eleições

Eleições: Segundo turno tem debate com religiosos e busca pelo voto no ‘menos pior’

11 out 2022, 19:36 - atualizado em 11 out 2022, 19:51
Lula e Bolsonaro
(Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A propaganda eleitoral gratuita começou na sexta-feira (7), mas as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) já estavam articulando desde o momento que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou no domingo (2) que haveria segundo turno nas eleições entre os dois candidatos.

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Propaganda eleitoral destaca apoio recebido

Como ficou claro já nos primeiros dias após o resultado das urnas ser divulgado, o presidente Bolsonaro foi atrás do apoio dos governadores e o ex-presidente Lula fez aliança com os presidenciáveis. Esse movimento foi destaque dos programa de televisão exibidos nos primeiros dias de campanha do segundo turno.

primeiras propagandas eleitorais gravadas e exibidas

Essas alianças, no entanto, não são garantia de transferência de voto, como destaca Cleber Benvegnu, especialista em marketing político. “Político não transmite votos como outrora, ao menos não automaticamente. O eleitor é independente, está muito mais informado e muito mais politizado. Porém, os apoios geram uma percepção simbólica muito forte, de crescimento, de apoio, de reflexão. Mas não é isso que decide, claro”, explica.

A busca pelo voto no menos pior

A forma como as campanhas dos agora candidatos derrotados pode ser determinante na relação com o eleitor e na sua decisão de voto no segundo turno, como explica Sérgio Oliveira, diretor de comunicação e marketing de campanhas políticas.

“No caso de Ciro, seus ataques foram tão contundentes contra Lula ao longo desses 4 anos do ciclo eleitoral que surtiram um efeito devastador no que seria o mais lógico pela proximidade ideológica entre eles. Segundo o levantamento do Datafolha, realizado entre quarta (5/10) e sexta-feira (7/10), 42% dos eleitores do pedetista pretendem votar em Bolsonaro no segundo turno, enquanto 31% vão de Lula. 28% pretendem anular seu voto e há apenas 5% de indecisos. No caso de Simone Tebet, 31% tendem a votar em Lula e 29% em Bolsonaro. Existem 12% de indecisos e 28% pretendem anular. A forma como eles se engajarão na campanha será determinante para influir ou não sobre os seus eleitores, principalmente sobre os indecisos. Nesse instante, vejo Simone Tebet bem mais engajada nesse intuito. O mesmo papel terão os governadores é todas as lideranças políticas. Dia 30 outubro saberemos o quão influentes eles terão sido”, explica.

Cleber Benvegnu acredita que muitos políticos evitaram e evitam ter uma postura mais incisiva para não ter problemas no futuro. “De qualquer modo, claro, apoiar Lula ou Bolsonaro gera desgaste – porque não tem meio
termo nesse jogo. E o político padrão, como regra, não gosta muito de expor-se de tal modo. Ocorre, porém, que esse é o quadro que a história nos legou. Estar com um ou outro não significa aprovar completamente suas atitudes e propostas, mas eventualmente escolher a opção menos pior. É para isso que existe segundo turno”, disse o especialista.

Campanha de segundo turno promete atacar rejeição do adversário

Os primeiros dias de campanha nesse segundo turno mostraram que os candidatos estão dispostos a explorar temas espinhosos na tentativa de diminuir a rejeição que seus adversários buscam enfatizar. Lula foi atrás dos religiosos e Bolsonaro tenta conversa com região nordeste.

“O segundo turno de uma eleição é o momento onde os candidatos se confrontam buscando aumentar a rejeição do seu opositor. Progride mais sobre os indecisos aqueles que possuem menos rejeição. Bolsonaro acusará Lula de “corrupto” e de ser um candidato “comunista”. Lula acusará Bolsonaro de “criminoso” e “incompetente” expondo os ganhos sociais de seu governo e as mazelas sociais brasileiras”, explica Sérgio Oliveira.

“A rejeição é fator decisivo nesse instante à definição daqueles que no primeiro turno não votaram em Lula ou Bolsonaro. Infelizmente, sobrará pouco tempo para se discutir os principais temas do país, as necessidades para se corrigir os graves problemas econômicos e sócias que o Brasil atravessa”, conclui o especialista em marketing político.

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