Eleições

Eleições na Argentina: Peronista Sergio Massa e ultraliberal Javier Milei vão para o segundo turno

22 out 2023, 22:50 - atualizado em 22 out 2023, 22:55
Sergio Massa vence o primeiro turno das eleições Argentina e disputará segundo turno em novembro com Javier Milei
Supresa: Sergio Massa termina primeiro turno das eleições na Argentina na liderança, e decidirá segunda rodada com Javier Milei em novembro (Imagem: REUTERS/ Mariana Nedelcu)

O candidato peronista Sergio Massa disputará o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina com o ultraliberal Javier Milei. O primeiro turno do pleito foi realizado neste domingo (22). Por volta das 22h45 (horário local e também de Brasília), 93,28% dos votos estavam apurados. Massa liderava com 36,41%; Javier Milei tinha 30,13% e Patricia Bullrich, 23,84%.

Pelas regras argentinas, para ser eleito em primeiro turno, o candidato deve conquistar 45% dos votos ou, alternativamente, 40% dos votos, desde que a distância para o segundo colocado seja de, pelo menos, 10 pontos percentuais.

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A liderança de Massa surpreende os comentaristas políticos argentinos. Primeiro, porque as eleições primárias, realizadas em agosto para definir os candidatos à presidência, foram vencidas por Milei, a grande novidade deste ano, ao se apresentar como um outsider com ideias ultraliberais, como a dolarização da economia e o fechamento do Banco Central.

Segundo, porque Massa é ministro da Economia do atual presidente, Alberto Fernández, e, portanto, um dos responsáveis pelo colapso argentino nos últimos anos. A despeito da taxa básica de juros de 130% ao ano, a inflação bateu em 138,8%  no acumulado de 12 meses até setembro. Ao mesmo tempo, o PIB caiu quase 5% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Para completar, 40% dos argentinos estão abaixo da linha de pobreza, sendo que, destes, quase 10% encontram-se em situação de indigência. Os números seriam mais do que suficientes para tirá-lo do páreo, algo que, até o momento, parece distante de se confirmar.

Segundo comentaristas políticos que acompanham a apuração, algo que pode ter favorecido o candidato oficial é o radicalismo das propostas de Milei. Embora fascine parte do eleitorado mais jovem – sua principal base -, Milei é visto como exótico por grandes empresários e pelo mercado financeiro.

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Eleições na Argentina: Massa e Milei começam a reunir aliados para o segundo turno

O segundo turno será realizado em 19 de novembro. Os comentaristas políticos já especulam sobre as potenciais alianças que Massa e Milei poderão fechar para vencer a corrida pela Casa Rosada. Por volta das 22h30, Bullrich, que sai da votação em terceiro lugar, com cerca de 24% dos votos, fez um pronunciamento aos apoiadores.

E agora? Javier Milei precisa abrir mão do radicalismo liberal para atrair moderados de direita. se quiser vencer eleições na Argentina (Imagem: Divulgação/ Javier Milei)

Ex-ministra da Segurança e representante dos conservadores, Bullrich evitou declarar apoio a qualquer um dos candidatos que passaram para a segunda etapa, mas afirmou que está disposta a conversar com todos que desejem acabar “com o pior governo da história da Argentina”.

A imprensa local dá como certa a migração da maior parte de seus eleitores para Milei no segundo turno, mesmo que Bullrich não declare apoio formal ao candidato da chapa “La Libertad Avanza”.

Outro personagem fundamental é o ex-presidente Maurício Macri, próximo da campanha de Bullrich. Os primeiros sinais, contudo, são negativos para Massa. Ao votar neste domingo, Macri criticou duramente o atual governo, o que, na prática, é o mesmo que criticar Massa.

“Faz três anos e meio que estamos sem governo na Argentina, expostos à pior inflação, falta de segurança e violência. Mas hoje é um dia de esperança. Esperamos nos iluminar e votar todos por esse futuro que merecemos”, afirmou Macri.

A aposta do mercado financeiro e dos grandes empresários é que, ao passar em segundo lugar para a próxima rodada, Milei reconheça a necessidade de migrar para o centro, revendo as posições mais radicais e fechando apoios que tornem um eventual governo mais moderado, em caso de vitória.