Eleições na Argentina: Massa lidera primeira parcial oficial, com 35,9% dos votos; Milei tem 30,51%
O primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina, realizado neste domingo (22), é marcado pela disputa voto a voto entre os dois principais candidatos: o ultraliberal Javier Milei, que venceu as eleições primárias em agosto, e Sergio Massa, candidato do governo peronista. A tendência é que haja segundo turno entre os dois.
Com 76% dos votos apurados, o primeiro boletim oficial das autoridades eleitorais foi divulgado por volta das 21h20 e apontava que Massa liderava a corrida, com 35,90%; Milei vinha em segundo, com 30,51%; e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança e representante dos conservadores, contava com 23,61%, num distante terceiro lugar.
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Pelas regras argentinas, um candidato é eleito no primeiro turno, se conseguir 45% dos votos ou, alternativamente, obtiver 40% dos votos, mas deixar uma distância de, pelo menos, 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado.
A votação terminou às 18h (horário local e também de Brasília). Ao contrário do Brasil, onde são comuns, as pesquisas de boca de urna não foram divulgadas e, por isso, os argentinos têm apenas resultados dispersos de seções eleitorais por todo o país, cujos números são repassados pelos veículos jornalísticos.
Eleições na Argentina: Liderança de Massa surpreende
A liderança de Massa, atual ministro da Economia do presidente peronista Alberto Fernández, surpreende os comentaristas políticos dos principais veículos de imprensa locais. A maioria deles apostava que Massa passaria para o segundo turno atrás de Milei.
O motivo seria óbvio: como comandante da economia, Massa é um dos grandes responsáveis pela implosão da economia dos nossos vizinhos. A despeito da taxa básica de juros de 130% ao ano, a inflação bateu em 138,8% no acumulado de 12 meses até setembro. Ao mesmo tempo, o PIB caiu quase 5% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para completar, 40% dos argentinos estão abaixo da linha de pobreza, sendo que, destes, quase 10% encontram-se em situação de indigência. Os números seriam mais do que suficientes para tirá-lo do páreo, algo que, até o momento, parece distante de se confirmar.
Segundo comentaristas políticos que acompanham a apuração, algo que pode ter favorecido o candidato oficial é o radicalismo das propostas de Milei, que se apresenta contra o status quo, promete dolarizar a economia e fechar o Banco Central. Embora fascine parte do eleitorado mais jovem – sua principal base -, Milei é visto como exótico por grandes empresários e pelo mercado financeiro.
A apuração dos votos é manual, já que as cédulas são de papel. Segundo a imprensa argentina, o comparecimento dos eleitores foi o menor em mais de 40 anos. Apenas 70% dos 35 milhões de argentinos aptos a votar passaram pelas seções eleitorais.
Como no Brasil, o voto é obrigatório na Argentina para pessoas com idade entre 18 e 70 anos, e não-obrigatório para jovens de 16 a 18 anos.