Eleições na Argentina: Chamado de ‘comunista’, como Lula deve reagir à vitória de Milei?
Chamado de ‘comunista’ e ‘corrupto’ por Javier Milei, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ter uma reação ‘fria’ caso o ultraliberal ganhe a corrida presidencial, como pesquisas apontam.
De acordo com a CNN, auxiliares do presidente dizem que Lula não pretende ligar para Milei. Além disso, o petista também não deverá comparecer à posse presidêncial, marcada para ocorrer em 10 de dezembro.
Segundo as fontes consultadas pelo canal, o presidente irá fazer uma postagem em suas redes sociais, felicitando o novo presidente e desejando sorte na condução do país.
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Quem é Javier Milei?
Javier Milei é deputado do parlamento argentino e conquistou mais de 30% dos votos nas eleições primárias, etapa eleitoral que define quem serão os presidenciáveis. Tradicionalmente, a tendência é de que o vencedor das primárias acabe ganhando as eleições.
O economista é candidato do partido de extrema-direita La Libertad Avanza e, em 2021, foi eleito para o parlamento com o já conhecido discurso outsider, alinhando-se, de acordo com suas próprias palavras, “quase naturalmente” aos ex-presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump.
Milei, que se diz anarcocapitalista, defende a privatização de todas as estatais da Argentina e a dolarização completa da economia para controlar a inflação. Ele ainda fala em abolir o Banco Central, liberação irrestrita de armas de fogo e até venda de órgãos.
Como as eleições da Argentina afetam o Brasil?
Na semana passada, a inflação da Argentina bateu recorde ao subir 138,3% no acumulado dos últimos 12 meses. Trata-se da maior alta nos preços desde agosto de 1991.
A crise no país vizinho impacta as relações comerciais estabelecidas entre Brasil e Argentina. Segundo representantes de associações ligadas a produtos manufaturados, houve queda nas exportações este ano, o cenário pode piorar nos próximos meses.
Os especialistas apontam que, no curto prazo, o anúncio de medidas para impedir a saída de dólares do país pode dificultar ainda mais o comércio brasileiro com a Argentina.
Além disso, caso Milei conquiste a corrida eleitoral, o seu discurso radical pode atrapalhar nas relações do Argentina com o Mercosul e o Brics.
“O livre comércio não inclui a interferência do governo nas decisões privadas. Aquilo em que terei influência é na geopolítica, na estratégia em termos de geopolítica”, disse em entrevista ao The Economist.