Vitória de Kamala Harris ‘ajudaria’ emergentes, inclusive o Brasil; quais ações locais podem ‘ganhar’ com a democrata, segundo a XP
Na próxima semana, os mercados acionários globais concentram as atenções para um único evento: as eleições à presidência dos Estados Unidos.
O ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris aparecem empatados nas pesquisas de opinião.
Harris tem uma pequena vantagem sobre o rival republicano Trump em Michigan e Wisconsin, mas os dois candidatos estão empatados na Pensilvânia, menos de uma semana antes da eleição de 5 de novembro, mostrou a pesquisa mais recente da CNN na quarta-feira (30).
A democrata Kamala está à frente de Trump por 48% a 43% entre os prováveis eleitores em Michigan e por 51% a 45% em Wisconsin, dois dos três Estados decisivos apelidados de “muro azul” depois de ajudar o presidente norte-americano, Joe Biden, a derrotar o republicano em 2020.
Contudo, nas últimas semanas, as apostas pela vitória de Trump aumentaram — e resultaram na escalada do dólar em todo o mundo. Na comparação com o real, a divisa norte-americana atingiu a maior cotação desde março de 2021, a R$ 5,79.
Mas qual é o impacto das eleições nos EUA na bolsa brasileira?
Embora os retornos do principal índice da B3, o Ibovespa (IBOV), não tenham uma forte relação com a corrida à Casa Branca, alguns setores locais podem se beneficiar com a vitória da democrata Kamala Harris.
Caso as pesquisas eleitorais se confirmem e Harris vença a corrida presidencial, as empresas ligadas a produtores de minerais críticos e setores com exposição a ‘investimentos verdes’ serão as maiores beneficiadas, segundo a XP Investimentos.
“Esperamos que Harris demonstre continuidade, baseando-se na agenda climática de Biden, fortalecendo políticas emblemáticas, e mantendo a liderança climática global dos EUA em acordos internacionais”, escrevem os analistas Fernando Ferreira, Jennie Li, Felipe Veiga e Júlia Aquino.
Na visão da equipe, em termos de minerais críticos — que são componentes essenciais para a transição energética — a dominância da China representa uma vulnerabilidade estratégica para os Estados Unidos
Nesse cenário, o Brasil pode ser uma “solução”, já que o país tem o potencial de se tornar um fornecedor alternativo importante para o gigante asiático, segundo os analistas.
Com base nisso, a XP aposta em três ações com exposição a maior nível de investimento verde. São elas:
- Suzano (SUZB3), do setor de papel e celulose;
- WEG (WEGE3), do setor de bens de capital;
- Serena Energia (SRNA3), do setor de elétricas e saneamento.
Além destas, Vale (VALE3) — um dos pesos-pesados do Ibovespa (IBOV) — aparece na lista da XP por ser uma empresa produtora de minerais críticos, em especial de níquel e cobalto.
Kamala e a volta dos investidores estrangeiros ao Brasil
No ponto de vista macroeconômico, os analistas da XP afirmam que o impacto de uma vitória de Kamala é mais indireto e incerto.
Eles veem a chance de um maior crescimento econômico dos Estados Unidos por meio de investimentos em infraestrutura, apoio a pequenas empresas e investimentos em saúde.
Isso poderia impulsionar a economia norte-americana, aumentar o sentimento do mercado e, assim, levar os investidores a aumentar o apetite por risco em oportunidades de investimento no exterior — principalmente os países emergentes, como o Brasil.
Além disso, a democrata defende um aumento da alíquota do imposto corporativo de 21% para 28%, com risco de menores lucros corporativos, e uma política fiscal expansionista — o que deve trazer maior risco de mercado dos Estados Unidos, de um lado.
Por outro lado, as medidas tendem a enfraquecer o dólar. “Nesse cenário vemos um potencial de fluxos saindo dos EUA e migrando para ações globais e mercados emergentes”, diz o relatório.