Giro do Mercado

Eleições, dólar em alta e juro terminal de 4% a 4,25% nos EUA: sócio-fundador do Grupo SWM, Robert Balestrery comenta cenário internacional

30 jul 2024, 16:11 - atualizado em 30 jul 2024, 16:11
Balestrery vê vitória democrata como mais positiva para os países emergentes, dólar em alta nos próximos anos e cinco quedas de juros nos EUA até 2025

As eleições nos Estados Unidos, os próximos passos do Federal Reserve, as perspectivas para o dólar e como investir no mercado externo no cenário atual foram alguns dos assuntos abordados no programa Giro do Mercado, com participação do sócio-fundador e CIO do Grupo SWM, Robert Balestrery.

Desde a desistência do atual presidente dos EUA, Joe Biden, a disputa presidencial na maior economia do mundo voltou a ficar em aberto – ao menos, é o que mostram as últimas pesquisas.

A mais recente, feita pelo canal Fox News, indica empate técnico entre a possível candidata democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump em quatro estados considerados decisivos:

  • Wisconsin (50% Trump contra 49% Kamala);
  • Pensilvânia (49% para cada um);
  • Michigan (49% para cada um);
  • Minnesota (52% Kamala contra 46% Trump).

Apesar da proximidade nas pesquisas, a vitória de cada candidato representa uma condução nada parecida da economia, ressaltou Balestrery.

Em caso de uma vitória de Donald Trump, que ainda é o cenário base de grande parte do mercado, os EUA devem ter um governo mais voltado à economia local.

“Vão vir impostos contra a China, restrição à imigração e diminuição dos impostos das companhias americanas. Pode acontecer um aumento da inflação. Existem estudos que dizem que essa restrição toda pode ocasionar um aumento de 1% na inflação ao longo do período, o que é bastante”, avalia.

Por outro lado, no caso de uma vitória democrata, o sócio-fundador do hub de investimentos com mais de R$ 6 bilhões sob gestão enxerga uma economia menos protecionista.

“Vão ter aumento de impostos para as companhias americanas, que hoje estão em torno de 21% e podem chegar a 28%, e não vão ter essas restrições {pretendidas pelos republicanos}. Vai ter uma mão de obra mais barata por conta da imigriação.”

No caso de Trump ser eleito, Balestrery vê um dólar mais forte, justamente por conta de uma condução econômica mais voltada para o cenário doméstico.

Isso é explicado por alguns motivos, como as tarifas impostas à China, que reduziriam o crescimento global, além de menos impostos e um fiscal mais frouxo – que podem manter os juros altos e beneficiar a moeda.

Neste contexto, Balestrery avalia um cenário menos positivo para os países emergentes em caso de vitória dos republicanos. “Pode ter um dólar mais forte, não sendo favorável para os emergentes e, consequentemente, para o Brasil.”

Dólar deve permanecer alto ‘no médio e longo prazo’

Apesar de apostar em um dólar ainda mais alto em caso de vitória de Donald Trump, Balestrery vê a moeda dos Estados Unidos em patamar elevado independente do vencedor.

“Vemos o PIB norte-americano concentrado em tecnologia, principalmente em inteligência artificial. É um PIB muito forte perante os outros países desenvolvidos. A moeda tem uma correlação muito forte com o PIB, então quando se tem uma economia que cresce mais do que as outras, você chama capital e investimento para o país. Vejo um cenário de dólar forte no médio e longo prazo”, avaliou.

Na comparação com o real, o CIO diz não enxergar o dólar abaixo de R$ 5,20. “Em cenário de eventual estresse, não me surpreenderia ver o dólar batendo R$ 6. Não é de se descartar”, disse em entrevista ao programa Giro do Mercado.

E o juro nos EUA?

Ainda na conversa sobre o ambiente externo, Balestrery falou sobre as expectativas para a taxa de juros nos Estados Unidos. 

Segundo ele, o cenário da gestora SWM são duas quedas de 0,25% em 2024 e mais três quedas de mesma magnitude em 2025

Dessa forma, a Fed Funds Rate terminal projetada por Balestrery seria no intervalo de 4% a 4,25%.

Ainda de acordo com ele, dentre os dois principais pontos de atenção do Federal Reserve, o controle da inflação e da atividade, o segundo deve receber um olhar mais atento do banco central norte-americano.

“Se a atividade cair mais do que o esperado, vai acender uma luz amarela de preocupação e possivelmente o Fed pode acelerar um pouco a queda dos juros. Porque o maior percentual do patrimônio do indivíduo americano está em imóveis e renda variável. Se você vê a bolsa e os imóveis caindo, a propensão de consumo diminui, e aí acaba gerando uma espiral negativa, porque ele consome menos e o PIB cai mais. Temos que acompanhar a atividade agora”, disse.

Como investir lá fora neste ambiente? 

Neste cenário abordado, o CIO do Grupo SWM vê uma alocação de “no mínimo 30%” no mercado internacional como ideal – podendo ser mais, a depender do perfil do investidor. 

Dentro desse percentual, Balestrery defende uma alocação de 60% em renda fixa e 40% em renda variável – porcentagem diferente da praticada nos últimos anos.

“Como trabalhávamos com juros próximos de 0 nos EUA, fazia sentido ter uma parcela grande em renda variável, dito que o PIB crescia numa velocidade acima de 3%. Daqui pra frente esse percentual pode ser um pouco menor, aproveitando as taxas de juros mais altas”, recomendou.

Para conferir a entrevista completa de Robert Balestrery sobre o cenário internacional no Giro do Mercado de segunda-feira (29), basta clicar aqui ou no player abaixo:

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Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Já trabalhou para o Money Times, Seu Dinheiro e Jornal da PUC, além de colaborar no UOL e Projeto #Colabora. Atualmente é Produtor de Conteúdo na Empiricus.
juan.rey@empiricus.com.br
Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Já trabalhou para o Money Times, Seu Dinheiro e Jornal da PUC, além de colaborar no UOL e Projeto #Colabora. Atualmente é Produtor de Conteúdo na Empiricus.
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