Eleições Argentina: O que esperar e como resultado afeta o Brasil?
Neste domingo (22), os argentinos vão às urnas para definir o próximo presidente do país. O candidato Javier Milei está liderando as pesquisas de intenção de voto na Argentina, seguido pelo atual ministro da Economia, Sergio Massa, em segundo lugar e pela candidata Patricia Bullrich, em terceiro.
Segundo informações da Reuters, duas das pesquisas eleitorais mostraram os três candidatos dentro de um intervalo de 10 pontos percentuais, indicando que o pleito deve seguir para um segundo turno.
Pelas regras da Argentina, para vencer no primeiro turno, um candidato precisa obter 45% dos votos; ou então, ele precisa de mais de 40% com uma vantagem de mais de 10 pontos sobre seu rival mais próximo.
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Quem é Javier Milei?
Javier Milei, é deputado do parlamento argentino e conquistou mais de 30% dos votos nas eleições primárias, etapa eleitoral que define quem serão os presidenciáveis. Tradicionalmente, a tendência é de que o vencedor das primárias acabe ganhando as eleições.
O economista é candidato do partido de extrema-direita La Libertad Avanza e, em 2021, foi eleito para o parlamento com o já conhecido discurso outsider, alinhando-se, de acordo com suas próprias palavras, “quase naturalmente” aos ex-presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump.
Milei, que se diz anarcocapitalista, defende a privatização de todas as estatais da Argentina e a dolarização completa da economia para controlar a inflação. Ele ainda fala em abolir o Banco Central, liberação irrestrita de armas de fogo e até venda de órgãos.
Como as eleições da Argentina afetam o Brasil?
Na semana passada, a inflação da Argentina bateu recorde ao subir 138,3% no acumulado dos últimos 12 meses. Trata-se da maior alta nos preços desde agosto de 1991.
A crise no país vizinho impacta as relações comerciais estabelecidas entre Brasil e Argentina. Segundo representantes de associações ligadas a produtos manufaturados, houve queda nas exportações este ano, o cenário pode piorar nos próximos meses.
Os especialistas apontam que, no curto prazo, o anúncio de medidas para impedir a saída de dólares do país pode dificultar ainda mais o comércio brasileiro com a Argentina.
Além disso, caso Milei conquiste a corrida eleitoral, o seu discurso radical pode atrapalhar nas relações do Argentina com o Mercosul e o Brics.
“O livre comércio não inclui a interferência do governo nas decisões privadas. Aquilo em que terei influência é na geopolítica, na estratégia em termos de geopolítica”, disse em entrevista ao The Economist.
* Com Jorge Fofano e Lorena Matos