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Eleições 2022: Seus candidatos e candidatas se preocupam com a Economia Criativa?

30 set 2022, 18:37 - atualizado em 30 set 2022, 18:37
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“Ao longo da campanha oficial, poucos foram os momentos que a economia criativa foi citada”, afirma Anderson Gurgel (Imagem: Pixabay/ mgnorrisphotos)

Com a chegada do primeiro turno das Eleições 2022, grande parte da população brasileira vai às urnas eleger representantes que precisam encontrar soluções para crise social, política e econômica que o País vive; os negócios criativos podem ser parte da solução para esse complexo quadro.

Toda eleição tem alguns temas centrais que mobilizam os eleitores e políticos e acabam dando a tônica para o resultado final. No pleito de 2022, já é consenso que a maior preocupação de grande parte da população brasileira gira em torno da miséria, da fome, do desemprego e da queda de renda de grande parte dos cidadãos.

Nesse contexto, a escolha dos representantes para cargos executivos (Presidência da República e Governo dos Estados) e para cargos legislativos (Senado e Deputados Federal e Estadual) precisa levar em conta esse rol de problemas que assolam grande parte do eleitorado: como vencer a crise e gerar oportunidades de crescimento, aumento de empregos e renda?

Em meio a disputas ideológicas acirradas, um tema que poderia contribuir um pouco para esse debate é saber o que os candidatos e candidatas pensam e propõem no que envolve políticas de incentivo ao incremento dos negócios criativos no nosso país.

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Negócios criativos têm pouco destaque nas eleições

Ao longo da campanha oficial, poucos foram os momentos que a economia criativa foi citada. Para fazer justiça, ouvi de relance em uma reportagem no Jornal Nacional o candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) falar sobre o assunto em caminhada na zona sul do Rio de Janeiro no meio de setembro.

Já o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu um pouco mais de ênfase ao assunto, após o primeiro debate na Bandeirantes, ao citar o protagonismo do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) na produção de alimentos orgânicos e como a entidade estava comercializando essa produção no varejo nacional.

Não estou dizendo que outros candidatos e candidatas não abordaram o assunto, mas não teve relevância. Se teve outros momentos dos demais candidatos, confesso que desconheço. Mesmo entre aqueles e aquelas que estão pleiteando vagas no legislativo ou em governos estaduais, não percebi destaque para o assunto.

Julgo ser uma lástima perceber que o debate raso das ideias não esteja gerando oportunidade para falar de propostas para estimular a economia criativa. O paradigma criativo para os negócios é tendência no mundo todo e aparece como aspecto central em muitas ações que envolvem inovação e protagonismo de países, empresas e empreendedores nos últimos tempos.

O pouco espaço para o debate político da questão na Eleição Geral de 2022 negligencia um potencial enorme, pois o DNA da economia criativa brasileira envolve ações de negócios com interface em inovação, sustentabilidade, diversidade cultural e, ainda, inclusão social.

O enorme (e ignorado) potencial da Economia Criativa

Um estudo recente da Firjan chamado Mapeamento da Indústria Criativa 2022, lançado em julho deste ano, traz importantes dados sobre o tamanho desse movimento econômico e como, se ele for posto no centro de políticas públicas, pode ser ainda mais relevante para que o Brasil encontre soluções para a crise que acomete o País e sua população.

PIB Criativo, na relação com o PIB brasileiro, aumentou para 2,91%”, explica Gurgel (Imagem: Reprodução/Instagram)

Em um momento em que a economia brasileira patina, o desemprego está nas alturas e a renda de boa parte dos brasileiros está diminuindo, o estudo da Firjan nos mostra que a participação do PIB Criativo, na relação com o PIB brasileiro, aumentou para 2,91%, chegando em termos à cifra de R$ 217,4 bilhões.

Mais do que esse número, o estudo mostra o poder dos setores criativos na geração de empregos, com destaque para áreas como tecnologia e consumo. Por outro lado, setores tradicionais da criatividade, como a cultura e mídias ainda sofrem com a tempestade perfeita da crise política e econômica agravada pela pandemia.

Em termos práticos, áreas como o mundo dos espetáculos e dos shows ficaram muito tempo impedidas de gerar novos negócios impactando negativamente toda a cadeia produtiva.

E, não podemos ignorar, medidas que foram tentadas no parlamento brasileiro para auxiliar os setores culturais, com as Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, não encontraram apoio no Governo Bolsonaro, impedindo que medidas emergenciais socorressem o setor (e permitissem uma retomada mais consistente dos negócios).

Projeto pluripartidário

“Julgo ser uma lástima perceber que o debate raso das ideias não esteja gerando oportunidade para falar de propostas para estimular a economia criativa”, afirma Gurgel (Imagem: Ricardo Moraes/Ricardo Moraes)

Num breve resgate de ações públicas na área de economia criativa, alguns destaques precisam ser citados e, pela pluralidade, podem mostrar que políticas públicas para o mundo criativo podem (e devem) ser apartidárias,

A criação da Secretaria Nacional da Economia Criativa foi um marco importante para a adoção desse paradigma no Brasil e foi feita pelo Ministério da Cultura durante o Governo Lula, quando Gilberto Gil era ministro da pasta. Sementes importantes foram plantadas naquela época e geram frutos até hoje, ainda que as políticas culturais tenham sido fragmentadas em embates políticos no Governo Bolsonaro.

Contudo, mesmo no Governo Bolsonaro, um fato digno de nota precisa ser apresentado como estímulo a um segmento criativo, que é a área de games. Subsídios oferecidos ao setor contribuíram para o fortalecimento da área, que está em franca ascensão. Mas é pouco e poderia ter sido estendido a outros segmentos da criatividade.

Se políticas federais se tornaram errantes, em nível estadual e municipal muito se avançou nos últimos anos. O Estado e o Município de São Paulo, que tem a liderança de políticos do PSDB, implementaram nas últimas décadas a economia criativa em projetos culturais. A ver que a pasta da área atualmente chama-se Secretaria de Estado e da Economia Criativa e desenvolve inúmeras ações relevantes para os segmentos criativos.

Já na capital, muitas ações permitiram que a economia criativa gerasse frutos variados, desde a expansão de projetos como o fortalecimento do corredor cultural da Avenida Paulista até a explosão do Carnaval de Blocos de Rua, que se tornou um dos maiores do Brasil.

Por tudo isso, reforço o convite a cada eleitor e eleitora a pesquisar sobre os candidatos e o que eles podem fazer para que a criatividade, a inovação e a sustentabilidade contribuam para que o Brasil volte a crescer e encontre seu espaço na disputa cenário internacional do Soft Power.

Bom voto pra todo mundo e boa sorte ao nosso País com a nova leva de lideranças que emergirá da Eleição de 2022!

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