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Eleições 2022: ‘semeador’ de Lula no MT diz sofrer retaliações contra sua empresa e vê petista subindo

28 set 2022, 11:27 - atualizado em 28 set 2022, 13:35
No principal estado do agronegócio, presidente Bolsonaro tem apoio quase ‘oficial’ (Imagem: Alan Santos/PR via Agência Senado)

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva não pisou no Mato Grosso durante a campanha. Teria palanque se quisesse, mas se seu principal apoiador, empresário de peso do agronegócio, sofre ameaças de retaliações, como esperar que o ex-presidente viesse a ter plateia?

Carlos Ernesto Augustin, dono da Petrovina Sementes, declarado “lulista” e fazendo campanha com “cara e coragem”, acusa a perseguição que está atingindo a sua empresa: “Não comprem da Petrovina mais”.

Com algumas variações é o que está circulando há semanas em grupos de Whatsapp e é o que Augustin escuta a “boca pequena” de produtores e dos citadinos da região de Rondonópolis.

“Parece coisa do Dops“, garante, lembrando do Departamento de Ordem Política e Social, famoso pelas perseguições dos adversários do regime militar.

Irmão do petista histórico Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional entre o segundo mandato de Lula e o primeiro de Dilma Rousseff, se movimenta no núcleo de apoio ao ex-presidente em um estado quase ‘oficialmente’ bolsonarista, dada à imagem do agronegócio colada ao presidente Jair Bolsonaro.

Junto com Carlos Fávaro, também empresário do setor e senador pelo PSB ainda com mais quatro anos, e Neri Geller (PP), ex-ministro da Agricultura e concorrendo ao Senado, Augustin também está preocupado com possíveis episódios de violência contra partidários, como já ocorreram no estado.

“Não há liberdade de expressão nenhuma aqui, inacreditável, e depois a gente só escuta [do PL, partido de Bolsonaro e dos apoiadores] que o Supremo Tribunal Federal cerceia a liberdade de expressão deles”, afirma o empresário, há 40 anos no Mato Grosso e 34 anos de Petrovina.

Mas essa “oposição escondida e calada”, que Augustin diz ser justificada diante da pressão exercida contra ela, não resultará mais em vitória esmagadora do presidente atual contra o ex.

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Lula encosta

Lula estaria subindo e deve ter de 45% a 50% de votos no principal estado do agronegócio brasileiro, contra 55% de Jair Bolsonaro. No primeiro turno. Se o pleito for para o segundo, Augustin acredita que Lula ganha lá também.

De resto, o reprodutor licenciado das sementes dos principais players globais de biotecnologia acredita que a agenda progressista do PT não vai necessariamente contra o agronegócio, principalmente nos dois pontos mais criticados pelos adversários, que são a defesa do meio ambiente com produção sustentada e a questão do apoio ao Movimento Sem Terra (MST).

Carlos Ernesto Augustin vê “inúmeros proprietários, com milhares de hectares, trabalhando com consciência”, próximos da agenda do Lula, e que “entendem que não precisam desmatar mais para produzirem mais”, da mesma forma que não vê ameaças a invasão de propriedades pelo MST.

Entre eles, complementa, o ex-governador do Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura no governo Temer, Blairo Maggi, maior plantador de soja e algodão do estado. “Estive com ele anteontem e entendo sua posição de neutralidade diante da envergadura da Amaggi”, diz.

Vale lembrar, contudo, que Maggi foi um dos signatários do agronegócio em uma das Carta pela Democracia, que circulou no começo de agosto defendendo as eleições livres pelo voto eletrônico e contra as ameaças de ruptura institucional detectada então a partir do Palácio do Planalto.

Quanto ao futuro da Petrovina, o principal nome empresarial da campanha de Lula no estado não acredita que vá sofrer com os negócios. “A maioria dos agricultores não são rancorosos”, pontua.

De todo modo, neste período praticamente não há negócios. As vendas de sementes e soja milho já foram feitas para a safra 22/23.

“O ano que vem eles voltam”, complementa: “E voltam com o Lula na presidência”.

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