Eleições 2022: Paulo Guedes fica se Bolsonaro for reeleito. Mas qual ministro assume a Economia?
Liberal, alinhado ao mercado financeiro, defensor da agenda de reformas estruturais e tratado como “Posto Ipiranga”, Paulo Guedes foi um trunfo na eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
Assessor econômico da campanha do atual presidente à época, não demorou muito para que Guedes fosse anunciado como ministro da Economia – fusão dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, acrescentando as Pastas do Trabalho e Previdência -, caso Bolsonaro fosse eleito. Para a alegria do mercado, ele foi.
O legado de Paulo Guedes
O grande legado de Guedes, segundo o analista político da Levante, Felipe Berenguer, foi a Reforma da Previdência, aprovada em 2019.
Desde então, o veterano economista lidou com a pandemia de covid-19, com o brio de parlamentares, dois presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Mais recente, com uma lista de medidas populistas anunciadas por Bolsonaro, que tenta a reeleição.
Em meio ao pacote de bondades e com Guedes nos Estados Unidos durante a campanha no segundo turno, Bolsonaro afirma que o ministro da Economia seguirá no cargo, caso seja reeleito.
Qual Paulo Guedes assume?
Berenguer avalia que o ministro de 2022 não é mais o mesmo de 2018. “Ele não é tão liberal como era quando entrou no governo. Ou as pessoas ficam menos transigentes a concessões e saem do governo ou então, começam a jogar o jogo em troca de conquistas. O que acho que o Paulo Guedes fez”, comenta.
Segundo o analista, esse movimento foi observado nos últimos meses, quando Bolsonaro deixou o liberalismo de lado e adotou o tom populista com suas bondades visando a reeleição. “Paulo Guedes aceitou”, diz o profissional da Levante.
De Posto Ipiranga à Pelé
Após ruídos, esta semana, Bolsonaro teceu elogios e pontuou que o ministro segue no cargo. “O Paulo Guedes fica. Ele foi um dos melhores ministros da Economia do mundo, levando-se em conta, inclusive, a questão da pandemia”, disse o presidente em entrevista à TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais.
Se antes era “Posto Ipiranga”, fazendo alusão ao comercial da rede de postos de gasolina, agora, Guedes é comparado ao Pelé. “É o nosso Pelé, vamos assim dizer, na Economia. Então, por mim ele continua”, continuou Bolsonaro na entrevista à emissora mineira.
Porém, uma declaração de Bolsonaro chamou a atenção e pode ser empecilho para a continuidade de Guedes no Ministério: a idade.
Paulo Guedes completou 73 anos no fim de agosto. Bolsonaro disse que, pela idade, não sabe se o ministro quer continuar à frente de uma de suas principais pastas.
Se Guedes sai, quem poderia entrar?
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, pondera que, diferentemente de momentos anteriores, a relação potencialmente mais fácil com o Congresso a partir de 2023 pode ser um estímulo para Guedes permanecer no cargo.
“Ele sofrerá menos desgastes, bem como terá que despender menos esforços para tramitação de matérias [econômicas]. De maneira análoga, bons nomes não faltarão ao presidente, caso Guedes opte por se retirar em meio ao mandato”, comenta.
Berenguer, da Levante, comenta que ainda não há nomes nos bastidores para a saída de Guedes em um eventual segundo governo Bolsonaro. Porém, ele acredita que o atual presidente deve seguir alguns caminhos na escolha de um novo “Posto Ipiranga”.
Para ele, o presidente deve escolher alguém que tenha trajetória e seja alinhado ao mercado financeiro, não sendo diferente do perfil de Paulo Guedes. “Bolsonaro também pode optar por alguém que tenha experiência política para cortar o caminho que Guedes trilhou em 2019. Ou então, promover alguém que já faça parte da equipe do Ministério, algum secretário”, observa.
Guedes pode começar, mas vai terminar?
Apesar de Bolsonaro colocar a idade de Guedes como empecilho para seguir em um eventual segundo mandato, Berenguer acredita que o ministro continuará, ao menos em 2023.
“O jogo de poder em Brasília é muito atrativo. É o que fez com que ele seguisse e, talvez, queira seguir no governo”, diz o analista político da Levante, acrescentando que a pauta liberal de Bolsonaro é o que segura Guedes na Economia.
Porém, caso o cenário econômico doméstico acompanhe o exterior, em meio aos indícios de recessão econômica na Europa e com a economia dos Estados Unidos em xeque, e comece a “degringolar”, pode ser o fim da era “Posto Ipiranga”.
“Se a economia do país começa a desacelerar [em 2023], quem deve ser cobrado por essa conta é o ministro da Economia. Aí, com um pacote econômico pior do que o esperado, acho que Guedes cai. Porque ele começa a perder poder de barganha com o mundo político e não consegue mais promover a pauta liberal que o segura”, pondera Berenguer.
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