Eleições 2022

Eleições 2022: Bolsonaro diminui rejeição e alimenta esperança de virada com voto útil

19 out 2022, 16:13 - atualizado em 19 out 2022, 16:13
Jair Bolsonaro
Bolsonaro vê chance de virada com queda na rejeição e melhora da avaliação do governo, mas rigidez do voto pode ser barreira (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

A contagem regressiva para o segundo turno das eleições já começou. E os sinais de queda na rejeição de Jair Bolsonaro (PL) e melhora da avaliação do atual governo alimentam as expectativas de virada do presidente na disputa. 

As pesquisas eleitorais continuam mostrando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como favorito para o último domingo do mês (30), mas seus números ou mostram estagnação ou queda.

Afinal, quanto a rejeição, quando o eleitor afirma não votar em um candidato em nenhuma possibilidade, impacta no resultado?

Para o cientista político e diretor do Instituto Brasilis, Alberto Carlos Almeida, a rejeição é um dado que não tem peso e importância muito grande, uma vez que é um critério que coincide com o voto – porém, no sentido inverso. 

“A rejeição é a outra face da moeda do voto”, resume. “Então, quem rejeita Bolsonaro, vota em Lula; quem rejeita Lula, vota em Bolsonaro”, emenda o cientista político, que também é autor de vários livros sobre as eleições presidenciais no Brasil.

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Voto útil 

Por exemplo, se a rejeição entre Lula e Bolsonaro gira em torno de cinco pontos; na intenção de voto, a diferença será a mesma, com o petista cerca de cinco pontos à frente do rival. “É normal que seja assim, não tem nada de surpreendente nisso”, observa Almeida.

Já o analista político da Levante Investimentos, Felipe Berenguer, avaliou, em relatório recente, que em disputas de segundo turno, o quesito rejeição é particularmente importante. Isso porque, uma parcela da população escolhe por exercer o chamado “voto útil”. 

Ao fazer assim, o eleitor vota naquele que considerar o candidato “menos pior”. Para Berenguer, o que está em disputa é o aparente cenário de “acirrada competição” pelos cerca de 8,5 milhões de votos destinados aos outros dois principais candidatos no primeiro turno, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT)

Nessa conta também entram os votos nulos, brancos e as abstenções, totalizando mais 5,4 milhões. Portanto, o grande desafio dos dois candidatos não é “virar o voto”. Mas sim obter o voto que não foi nem para Lula nem para Bolsonaro. 

Rigidez do voto

O problema é que assim como a rejeição é o inverso do voto, o lado oposto do “voto útil” é a rigidez do voto. Esse critério trata da maior probabilidade entre os eleitores de votar em um ou outro candidato nas eleições presidenciais. 

Com isso, a chance de “virada de voto” é menor quanto mais o eleitor se identificar com seu candidato. “O voto tem uma estabilidade imensa”, destaca Almeida. “Quando alguém digita um número de um candidato, dificilmente deixa de digitar esse mesmo número no segundo turno”, completa.

O cientista político explica que a “virada de voto” é mais provável quando o segundo colocado está muito próximo do primeiro. De fato, isso aconteceu: Lula obteve 48,4% dos votos válidos e Bolsonaro, 43,2%, após 100% das urnas apuradas no último dia 2. 

Porém, outra condição igualmente importante, combinada com essa, é que o primeiro colocado teria de estar muito distante dos 50% – o que não ocorreu.

Bolsonaro tem maior aceitação

Nesse sentido, é válido destacar que não apenas a rejeição a Bolsonaro diminuiu. Mas a aceitação do atual presidente também melhorou.

Citando pesquisa divulgada hoje, o cientista político e diretor da Quaest Pesquisa, Felipe Nunes, observou no Twitter que foi a primeira vez que as rejeições entre os dois candidatos se encontraram dentro da margem de erro. Enquanto 46% rejeitam Bolsonaro; 43% rejeitam Lula.

Ao mesmo tempo, a avaliação positiva do atual presidente chegou a 36%, contra 39% de avaliação negativa. Ainda assim, Nunes ressalta  que Bolsonaro é o candidato à reeleição que tem a maior rejeição. 

Ele lembra que quando Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff venceram no segundo turno, em 2006 e em 2010, tinham 15% e 23% de avaliação negativa, respectivamente. Por isso, o diretor da Quaest avalia que outro indicador a ser acompanhado é o que mede o “clima da opinião pública”. 

“Lula é favorito para vencer a eleição. Ou seja, a expectativa pública é de uma vitória dele. Uma mudança neste indicador, vai significar uma virada à vista”, escreveu Nunes, na rede social.

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