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Eleições 2022: Bolsonaro derrete sozinho e Lula agora é o favorito, diz MCM Consultores

20 ago 2021, 16:43 - atualizado em 20 ago 2021, 16:56
Bolsonaro
Minoria barulhenta: base de apoiadores mais fiéis é pequena e insuficiente para garantir reeleição de Bolsonaro, diz MCM (Imagem: Facebook/Jair Bolsonaro)

Mantidas as atuais condições de pressão e temperatura, Jair Bolsonaro chegará à eleição de 2022 numa situação incomum para presidentes brasileiros que tentaram a reeleição desde o fim da ditadura militar: sem ostentar a condição de favorito. Aliás, o favoritismo já evaporou, segundo a MCM Consultores.

Em seu relatório semanal sobre política, a consultoria afirma que a corrida presidencial “vinha prevendo a manutenção da polarização Bolsonaro-Lula, mas não apontava um favorito neste embate. A partir de agora, atribuiremos favoritismo a Lula.”

A MCM acrescenta que a polarização com o ex-capitão está mantida, por enquanto, já que Bolsonaro “ainda parece mais capaz de chegar ao segundo turno do que qualquer ‘terceira via’”.

O relatório adverte, contudo, que a “espiral descendente bolsonarista” pode começar “a cevar candidaturas alternativas no campo do centro/centro-direita.” Ou, em bom português: Bolsonaro pode nem chegar ao segundo turno.

Se enrolando sozinho

A consultoria elenca uma série de sinais de que o presidente embarcou em um viés de baixa. Entre eles, sua incapacidade de articular uma base consistente na Câmara, capaz de aprovar a reforma do Imposto de Renda – algo que poderia favorecer sua popularidade.

Ameaça vermelha: se eleição fosse hoje, Lula venceria Bolsonaro por uma larga vantagem, segundo as pesquisas desta semana (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

“A fraqueza e a inoperância política do governo, cujo principal representante está mais interessado em alimentar atritos inúteis com a cúpula do Judiciário, aumentaram a dificuldade do desafio”, avalia a MCM.

Além disso, a boa vontade dos investidores, analistas e economista com Bolsonaro evaporou com o imbróglio da PEC dos Precatórios. Sua aprovação é a esperança de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, de materializar o Auxílio Brasil, a versão bolsonarista do Bolsa Família, sem estourar o teto de gastos.

“O problema é que essa solução política para o orçamento de 2022 ajudou a azedar o humor do mercado, ao ressuscitar o temor a respeito do cumprimento efetivo da regra do teto de gastos”, observa o relatório.

A conduta errática do presidente na política e na economia enfraquece as chances de ganhar mais quatro anos no Palácio do Planalto. “Além disso, o radicalismo e a inquietude acerca da estabilidade democrática do país semeados por Bolsonaro o isolaram ainda mais em seu cercadinho de apoiadores. Não são poucos e lhe são bastante fiéis. Mas são minoria no país. Não são suficientes para lhe garantir a reeleição”, sentencia a MCM.