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Eleição nos EUA: Entenda como uma possível vitória de Trump mexeria com o mercado brasileiro

31 jan 2024, 11:35 - atualizado em 31 jan 2024, 11:35
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As pesquisas já indicam um embate de Trump com Biden nas eleições de 5 de novembro (Imagem: Getty Images)

As eleições norte-americanas são apenas em novembro, mas o mercado já está especulando os possíveis cenários para uma das maiores economias do mundo. Isso porque o que acontece nos Estados Unidos naturalmente tem um impacto no restante do mundo.

Algumas pesquisas já circulam com a resposta de uma possível vitória do ex-presidente Donald Trump em um confronto direto com o atual líder do país, Joe Biden. No entanto, para isso acontecer, Trump ainda tem que vencer a disputa com Nikki Haley para se tornar a indicação do seu partido.

De acordo com as últimas primárias, em New Hampshire, a tarefa não parece ser tão difícil para ele que venceu com folga. Porém, o economista da Kinea, André Diniz, ressalta que a eleição nos EUA seja “sempre muito próxima e definida nos detalhes”, principalmente por seu sistema de votação ser único.

A vitória, segundo Diniz, hoje é o cenário mais provável, e se deve por três principais fatores: sociedade polarizada, inflação que ficou elevada nos últimos anos nesses casos, o governo atual tende a ser responsabilizado – e descrença sobre a saúde de Biden.

A polarização já não é uma novidade, já que tem se seguido como uma tendência em várias partes do mundo, inclusive, como aconteceu/acontece por aqui. Nos Estados Unidos, ela segue forte, e o sintoma disso é ver que o Trump avança em intenção de voto entre imigrantes e demografias de menor renda e escolaridade, que historicamente constituíram eleitorado democrata.

Mesmo com este cenário se desenhando, o economista vê que o mercado de fato só irá se preocupar a partir do início dos cortes nos juros pelo Federal Reserve.”A partir daí, haverá mais reação às pesquisas e notícias que apontem mais certeza para a eleição de um ou outro candidato”, explica.

Mas Diniz se adianta em um cenário hipotético de vitória de Trump em novembro. O mercado, segundo ele, pode estar mais sensível à curva americana e ao dólar para juros e moedas emergentes. O Brasil deve ser menos diretamente impactado, à medida que acumula ainda um prêmio de carrego na sua moeda e o Banco Central que faz um ciclo de cortes bem comunicado.

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As políticas de Trump que englobam extensão de cortes de impostos da reforma tributária de 2017, implementação de tarifas comerciais sobre as importações, menos apoio a Ucrânia e políticas mais duras com Irã devem influenciar os mercados.

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Como a vitória de Trump mexeria com o mercado brasileiro?

De acordo com Diniz, esses fatores tendem a ter as seguintes implicações para mercados:

  • Beneficiar o dólar contra seus pares, especialmente o euro e algumas moedas sensíveis a tarifas comerciais;
  • Caso não seja contrabalanceado por cortes de gastos, a extensão de cortes de impostos pode contribuir para a continuidade da piora fiscal dos EUA, com impacto nas curvas de juros, especialmente mais longas; e
  • Alguns setores da bolsa tendem a ser beneficiados, como defesa, indústria americana e setor financeiro

“Vemos o Brasil também como um vencedor relativo nos mercados emergentes, por sofrer menos com os efeitos de uma possível continuidade da guerra comercial entre EUA e China, sendo a China e outros países asiáticos possíveis perdedores desse processo. A Europa também deve ser vista com cautela, podendo ser afetada na parte comercial e industrial (tarifas), além da geopolítica (questões de Ucrânia e Irã)”, explicou.

No início de janeiro, a Kinea disponibilizou sua carta mensal em que pontuava sua posição quanto ao mercado internacional, em especial, nos Estados Unidos. A gestora está comprada em empresas como Amazon, Meta e Microsoft (tecnologia), Novo Nordisk e Moderna (biotecnologia), TSMC (semicondutores), Cameco (produtora de urânio) e General Dynamics (industrial).