Eleição argentina: “Dolarização é irreversível”, diz Ocampo, principal economista de Javier Milei; veja suas ideias
Dolarizar a economia da Argentina é inevitável e vai acontecer, doa a quem doer. A avaliação é de Emilio Ocampo, principal economista da equipe do ultraliberal Javier Milei, que chega ao segundo turno das eleições presidenciais com chances reais de vencer o peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia, no próximo domingo (19).
Segundo o jornal Valor Econômico, em caso de vitória, Milei pretende nomear Ocampo para a presidência do Banco Central. Suas duas tarefas seriam trocar a moeda local, o peso, pelo dólar e, em seguida, conduzir a extinção do próprio Banco Central – uma das propostas mais polêmicas de Milei.
- A queridinha está de volta ao jogo? Magazine Luiza volta ao lucro no 3º trimestre, mas será que já é hora de ficar animado? Confira o que fazer com as ações da varejista no Giro do Mercado, é só clicar aqui:
O Valor lembra que, há algumas semanas, Ocampo afirmou que “a dolarização não vai resolver magicamente os problemas da Argentina. Mas é irreversível e vai tirar dos políticos a capacidade de destruir a moeda”. Apesar do ceticismo de economistas locais e do exterior, Ocampo já declarou que seu plano tem “70% de chance” de salvar o país, e que as propostas concorrentes têm apenas “30% de chance” de sucesso.
O jornal recorda, ainda, que, no livro “Dolarização: Uma Solução para a Argentina”, escrito em parceria com Nicolás Cachanosky, Ocampo sustenta que parte da resistência à ideia é apenas nacionalismo ultrapassado. “Se a moeda é um símbolo de soberania, então não temos soberania”, sublinhou na obra.
Eleição argentina: Dolarização já é realidade, diz Ocampo
Durante a campanha de Milei, o economista e sua equipe declararam algumas vezes que a dolarização do país já é uma realidade e só não vê quem não quer. Segundo suas contas, os argentinos guardam US$ 175 bilhões em moeda física, além de US$ 44 bilhões em contas no exterior, e US$ 19,5 bilhões em depósitos em dólar em bancos locais.
Assim, somente trabalhadores assalariados e os mais pobres seriam penalizados na atual situação, já que não têm acesso a dólares, segundo Ocampo.
Quanto à extinção do Banco Central da Argentina, o Valor acrescenta que o braço-direito de Milei tem dito que, na prática, ele já é inócuo, pois não conta mais com instrumentos, nem condições de conduzir uma política monetária efetiva, influenciar o mercado de crédito e o mercado de capitais local.
Em contrapartida, Ocampo e sua equipe argumentam que o Federal Reserve, o poderoso banco central dos Estados Unidos, exerce uma indiscutível influência global e pode favorecer, em determinados períodos, o fluxo de dólares para a Argentina.
Outra função importante de um banco central é socorrer instituições financeiras em apuros. Neste sentido, o assessor de Milei defende a adoção de diversos mecanismos alternativos adotados por países que também dolarizaram a economia, como o Equador, Panamá e El Salvador.