Ela voltou: Com rali de 76% no ano, ação tem preço-alvo elevado por BTG e UBS
Depois de um longo inverno em 2022, a XP Inc. (XP;XPBR31) voltou a dar sinais de vida no primeiro semestre do ano.
Afinal, desde janeiro, a ação negociada em Nova York subiu 76% no ano. Já o BDR XPBR31, listado na B3, desempenhou uma alta de 45%.
O ciclo de otimismo envolvendo a XP não passou despercebido para dois grandes bancos de investimento, UBS e BTG Pactual – tanto que, em relatórios divulgados nesta semana, as duas instituições revisaram o preço-alvo do papel e dão motivos para o investidor da companhia brasileira acreditar em mais notícias boas.
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UBS: Resultados trimestrais e cenário macro são a receita do sucesso
Aumento de preço-alvo: de R$ 21 para R$ 28 | Recomendação: Compra
Para o novo dono do Credit Suisse, a XP vem se beneficiando de uma contração expressiva nos juros futuros brasileiros: o prêmio sobre títulos da dívida do governo com vencimento para 2026 caiu para 10,6%, dos 13,8% registrados em dezembro de 2022.
O declínio dos juros futuros se encaixa na expectativa do mercado sobre as decisões do Copom. Embora decida pela manutenção da Selic a 13,75% no comunicado de hoje, espera-se que os formuladores de política monetária do BC façam uma sinalização pelo corte da taxa-base já na reunião de agosto.
Para o UBS, este cenário ainda incipiente deve desemperrar as travas que mantiveram a XP em território de baixa ao longo de todo o ano passado. “A queda da curva de juros é importante não só para mitigar as taxas de desconto, como também reduzir a inércia de clientes do varejo, que também se beneficiaram de maiores retornos em produtos de baixo risco”, diz o relatório.
Mas a melhora macroeconômica do Brasil não é o único motivo pelo qual o UBS está otimista com a ação. O banco de investimento mostra que a empresa fez a “lição de casa”, em referência aos resultados do primeiro trimestre acima da expectativa dos analistas.
Entre janeiro e março deste ano, a XP Inc. registrou um lucro líquido ajustado de R$ 987 milhões. Mais recentemente, a companhia informou ter ultrapassado R$ 1 trilhão em ativos de clientes sob custódia, excluindo dessa conta os ativos de clientes do banco Modal, adquirido pela instituição no início do ano passado.
BTG Pactual: Viés positivo, mas dúvidas sobre rentabilidade continuam
Aumento de preço-alvo: de R$ 23,50 para R$ 28,50 | Recomendação: Neutra
Em linhas semelhantes, o BTG Pactual atualizou a sua projeção de lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) para a XP Inc. para o triênio 2023-2025. Segundo projeção dos analistas do banco, o lucro da empresa pode chegar a R$ 4 bilhões em 2023 e R$ 4,85 bilhões no ano que vem.
A razão disso vem de uma melhora sistêmica no mercado de capitais brasileiro, com a possibilidade de juros mais baixos norteando o apetite por risco do investidor. Para o segundo semestre, o BTG entende que a tendência deverá continuar, beneficiando a captação de receita da XP no mercado aberto.
“Prevemos um lucro de R$ 1,04 bilhão no terceiro trimestre e R$ 1,22 bilhão no quarto trimestre de 2023. Com isso, o bottom line do quarto trimestre superaria em 55% o dado do primeiro trimestre […] também elevamos o volume total de custódia em 2024 da XP para R$ 1.3 trilhão”.
Mas, na visão do BTG, nem tudo está resolvido para a XP Inc. O banco diz possuir dúvidas sobre a sustentabilidade dos lucros, com implicações negativas para o retorno sobre o patrimônio total (ROE) da companhia.
Ajustes no quadro de funcionários, a procura por um novo modelo de parceria com agentes autônomos, operação mais dependente de capital e outros fatores podem levar a empresa fundada por Guilherme Benchimol a um ROE abaixo de 20%.
Em complemento, o BTG entende ser pouco provável que a XP Inc. desempenhe o mesmo ritmo de crescimento dos últimos 10 anos. “A XP já possui uma alta fatia do mercado de alta renda, de maneira que vemos com dificuldade a empresa alcançando novas vantagens no segmento de gestão de riquezas, ou no varejo de baixa renda”.
No curtoprazo, porém, o viés da instituição para o papel é positivo, mostrando que a XP Inc. tem lenha para queimar, mesmo diante do rali apresentado pela ação ao longo de 2023.