El Salvador tem nova onda de protestos contra lei sobre bitcoin
Na semana anterior à implementação do bitcoin (BTC) como moeda sonante no país, salvadorenhos tomaram as ruas em protesto contra a aceitação da criptomoeda, carregando cartazes que diziam frases, como “Não à lavagem de dinheiro corrupto”.
Conforme noticiado pelo Decrypt, a nova onda de protestos acontece cerca de um mês após cidadãos terem protestado com o mesmo objetivo em frente à Assembleia Legislativa do país.
Segundo a ativista Idalia Zuñiga, a lei que implementa o bitcoin como moeda sonante gera insegurança, o que poderá ser usado para enganar usuários e facilitar a lavagem de dinheiro e ativos.
Já para o analista de bitcoin da Quantum Economics, Jason Deane, o que os cidadãos do país estão fazendo é algo nunca antes visto e “uma parte inevitável do processo”, disse ele ao Decrypt.
Porém, Deane acredita que a situação somente será normalizada daqui vários meses, quando será possível perceber os benefícios da adesão do bitcoin.
No entanto, nem todos estão tão otimistas quanto Deane.
A oposição ao bitcoin
Se os protestos desta semana não foram os primeiros do tipo, a oposição de membros do governo também não é tão recente.
Em junho, Jamie Guevara, deputado líder do partido de oposição Farabundo Marti National Liberation Front, entrou com um processo contra a lei proposta pelo presidente do país, Nayib Bukele.
Segundo o líder da oposição e um grupo contrário à lei, a proposta legislativa é inconstitucional.
Para Oscar Antero, cidadão do país, a lei sobre o bitcoin apresenta falta de legalidade e de fundamentação e ignora os efeitos negativos que trará ao país. Antero ainda acrescentou que a proposta do presidente forçará os cidadãos a usar a criptomoeda.
El Salvador businesses don't want to transact in #Bitcoin. But in President @nayibbukele's authoritarian world, they won't have a choice. Bukele's #BTC Law is a forced tender law, which means that businesses MUST accept BTC if offered.https://t.co/VLhtGa6R75
— Steve Hanke (@steve_hanke) August 28, 2021
A oposição não termina aí. Uma pesquisa recente da Universidade Francisco Gavidia, na capital São Salvador, mostrou que mais de 77% da população salvadorenha não acredita que a iniciativa de Bukele seja uma boa ideia e que 61% dos comerciantes não aceitariam pagamentos com bitcoin.
Impondo a liberdade financeira
A preocupação exposta por Antero é também de outros cidadãos, que acreditam que Nayib Bukele irá forçar o uso da criptomoeda mesmo para aqueles que não desejam.
O presidente do país, na semana passada, afirmou que o uso do bitcoin não será obrigatório. Segundo ele:
[…] se alguém quiser continuar juntando dinheiro físico, não receber bônus de incentivo, não conquistar clientes que têm bitcoin, não crescer seu negócio e pagar taxas sobre remessas, continue fazendo [tudo] isso.
No entanto, não é isso que consta na lei sugerida por Bukele. O artigo 7 da lei indica que “todo agente econômico deve aceitar Bitcoin como pagamento quando for oferecido a ele por qualquer um que adquira um bem ou serviço.”
Após essas afirmações e estatísticas, não surpreende que a população salvadorenha tenha voltado às ruas em protesto nesta semana.