El Niño deve atingir pico em dezembro; quais são os impactos fora o calor?
O El Niño, fenômeno climático que provoca o aquecimento das águas na porção tropical ou equatorial do Pacífico, maior oceano do planeta, deve atingir seu pico em dezembro.
Pelo menos é isso que disse a meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Ana Ávila.
“A temperatura das águas vai ficar cerca de 2,5 °C acima do esperado. E os modelos indicam que até junho do ano que vem a gente deve ter o El Niño em curso.”, explica
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De forma geral, o fenômeno provoca uma elevação no volume de chuvas no Sul do Brasil e tempo mais seco nas regiões Norte e Nordeste do país, com calor acima do normal no Sudeste, Centro-Oeste e oeste da Amazônia, cenário já registrado.
Impactos do El Niño
Na avaliação de Desirée Brandt, meteorologista na Nottus, são 5 os principais desafios para o setor do agronegócio com a confirmação do fenômeno.
- Irregularidades nas chuvas para o Sudeste e Centro-Oeste;
- Corte precoce nas chuvas no Verão (impacto para safrinha);
- Chuva abaixo da média no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia);
- Aumento do risco de tempestades com ventania e granizo no Sul do Brasil, especialmente na Primavera;
- Maior possibilidade para o surgimento de pragas e doenças nas lavouras.
Dessa maneira, de acordo com a economista Luciana Rabelo, do Itaú BBA, o El Niño deve provocar um efeito de inflação nos alimentos.
“O fenômeno traz um viés de alta para inflação dos alimentos esse ano, principalmente para hortifrútis, que são mais sensíveis a mudanças climáticas e cuja produção é concentrada na região Sul e Sudeste do país. Em 2023, esperamos que a alimentação no domicílio desacelere para 0,6% (de 13,2% em 2022) influenciada, principalmente, pela queda de preços de commodities agrícolas e pela valorização do real”, diz.
Além disso, para o BBA, o impacto do El Niño tende a ser mais negativo para o milho e misto para soja. Segundo o banco, em metade dos eventos registrados, houve uma queda na produção do milho.
Já para a soja, os dados são menos conclusivos, com recuo na produção apenas nos dois últimos fenômenos registrados, com queda menos intensa do que a observada no milho.