El Niño, China, Chicago e Argentina: O ano de 2023 para a soja
O mercado da soja contou com grandes movimentos ao longo de 2023, com diversos fatores pesando sobre o ciclo 2022/2023 e 2023/2024 do grão.
Nos Estados Unidos, as primeiras projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontavam para uma safra de 122 milhões de toneladas, que foi cortada para 112,39 milhões de toneladas, após uma redução de 1,7 milhão de hectares na área plantada do país.
Enquanto isso, a produção final de soja no Brasil em 2023 ficou em torno de 157 milhões de toneladas, o que compensou significativamente a queda histórica sofrida na Argentina.
“Isso foi evidenciado na própria bolsa de Chicago (CBOT), onde tínhamos uma tendência muito clara de baixa até o mês de julho, quando, inesperadamente, o USDA cortou uma parte relevante de área da soja americana, o que diminuiu significativamente o potencial produtivo da soja nos EUA. A partir daí, a soja contou meses de altas e baixas na CBOT”, explica Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado.
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Brasil, exportações e El Niño
O Brasil, principal produtor global da oleaginosa, teve um ano de exportações recordes que já ultrapassam a marca dos 100 milhões de toneladas, em decorrência dos preços competitivos nos portos brasileiros.
“Obviamente, durante a colheita no Brasil, houve problemas logísticos com relação ao escoamento da soja brasileira. Para se ter uma ideia, com os problemas para encontrar janelas livres nos portos, tivemos uma pressão reforçada nos prêmios, que chegaram a 200 pontos negativos. A China foi extremamente pragmática, sendo a maior responsável pela importação do grão brasileiro. As compras passam dos 70 milhões de toneladas, aumento acima de 36% frente o ano anterior”, diz Silveira.
Segundo o analista da Safras, não fossem os problemas significativos que o fenômeno climático El Niño trouxe ao Brasil, poderia haver uma nova safra recorde de soja. Porém, devido a todas as dificuldades que o fenômeno trouxe, haverá redução relevante na produção final de soja em 2024.
“Ainda assim, quem deve compensar perdas agora é a Argentina, que tem uma situação climática muito favorável ao desenvolvimento da safra atual e que pode colher até 50 milhões de toneladas. Se observarmos Chicago nesse momento, temos um mercado com viés ainda baixista e que pode se reverter, caso as perdas de produtividade no Brasil sejam extremas. Contudo, uma safra nacional acima de 150 milhões de toneladas, se colhida, deve levar Chicago a novas mínimas em 2024”, conclui.
Ao longo de 2023, o preço do contrato da soja (março/2024) recuou 6,36%, enquanto em 12 meses a desvalorização foi de 5,43%, de acordo com a CNBC.