Vacinas

Eficácia da CoronaVac na população geral será próxima a 90%, diz Dimas Covas

13 jan 2021, 15:18 - atualizado em 13 jan 2021, 15:18
Dimas Covas
O Butantan optou por testar o potencial imunizante em profissionais de saúde pois eles estão mais expostos ao vírus  (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A eficácia da CoronaVac na população em geral será muito superior aos 50,38% anunciados na véspera e ficará parecida com o patamar de 91% apontado em testes clínicos da vacina do laboratório chinês Sinovac na Turquia, disse nesta quarta-feira o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Ele argumentou que os testes feitos com a candidata a vacina no Brasil foram realizados em profissionais de saúde, enquanto os estudos da CoronaVac na Turquia, e de outras vacinas em outros locais, tiverem como voluntários a população em geral.

O Butantan optou por testar o potencial imunizante em profissionais de saúde pois eles estão mais expostos ao vírus e sabem identificar os sintomas da doença, o que aumentaria a incidência de casos entre os voluntários, segundo os responsáveis pelo estudo.

“Essa eficácia é a eficácia obtida na situação mais dramática de teste de uma vacina. Na população geral, será muito superior à eficácia geral, será assemelhada ao que foi feito lá na Turquia”, afirmou Covas em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado.

O anúncio da eficácia geral da CoronaVac foi feito na terça, depois de na quinta-feira da semana passada o Butantan anunciar que a eficácia era de 78%, sem detalhar os dados do estudo, o que só feito esta semana com a divulgação da eficácia geral, após questionamentos da comunidade científica.

O instituto confirmou também que a CoronaVac é 78% eficaz contra casos leves de Covid-19, que requerem algum atendimento médico, e 100% eficaz na prevenção de casos moderados, que exigem internação hospitalar, e graves, que demandam leitos de terapia intensiva.

“Acho que não houve ainda uma compreensão em relação a essa eficácia. Primeiro ponto: eficácia de estudos diferentes não são comparáveis. Para compararmos, nós teríamos que ter o mesmo desenho, a mesma população alvo”, disse.

“Quando comparamos estudos assemelhados, a eficácia dessa vacina não é diferente de nenhuma outra vacina que já teve seus resultados assemelhados”, afirmou sem citar que estudos seriam esses.

O presidente do Butantan também cobrou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que conceda rapidamente a autorização para uso emergencial da vacina, feito pelo instituto, e lembrou que já existem doses da CoronaVac prontas para aplicação.

“A interpretação é esta que eu estou dando: a vacina Sinovac é uma das melhores vacinas disponíveis neste momento no mundo. Não é no Brasil não. No Brasil é a única! Portanto, só isso colocaria a Anvisa na necessidade da aprovação rápida disso”, disse.

“Não tem motivo para não aprovar. A vacina está na prateleira, e neste momento dói a mim ver as vacinas na prateleira. Nós precisamos tirar a vacina da prateleira e colocar nos postos de vacinação e iniciar de fato a vacinação”, acrescentou.

A Anvisa anunciou que decidirá no domingo sobre os pedidos de uso emergencial feitos pelo Butantan para a CoronaVac e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a vacina da AstraZeneca desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford.