Petróleo

Efeito Trump: Tarifas têm impacto limitado e barril do petróleo deve permanecer abaixo de US$ 80, diz Goldman Sachs 

03 fev 2025, 11:05 - atualizado em 03 fev 2025, 11:05
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O banco afirma que as tarifas não devem ter impacto na demanda e nem na oferta do petróleo e projeta Brent a US$ 78 o barril no fim de 2025 (Imagem: Canva/Montagem: Giovanna Figueredo)

As prometidas tarifas de importação do governo Trump começaram a ser anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos e, como o esperado, os mercados reagem com elevação da aversão ao risco: dólar e juros norte-americanos em alta e bolsas na Europa em queda — enquanto a Ásia segue no feriado de “Ano Novo Lunar”. 

Donald Trump impôs uma tarifa de 10% de tarifas sobre os produtos chineses, 25% sobre os produtos mexicanos e os canadenses — com exceção apenas da energia, que enfrentará uma tarifa de 10%. Embora os detalhes não tenham sido anunciados, a medida deve atingir petróleo, gás e eletricidade. 

Na avaliação do Goldman Sachs, o impacto nas commodities energéticas — principalmente sobre o petróleo — deve ser limitado, pelo menos no curto prazo. 

Para os analistas do banco, o cenário mais provável é que as tarifas sejam temporárias, “mas a perspectiva ainda não é clara”. 

Isso porque parte do efeito do aperto das tarifas dos Estados Unidos já parece estar precificado. 

Os analistas mantêm a projeção do barril do petróleo Brent — referência para o mercado mundial — para US$ 78 em 2025 e US$ 73 em 2026. Já para o óleo West Texas Intermediate (WTI) — referência para o mercado norte-americano — deve ser cotado em US$ 75 o barril neste ano e US$ 69 no próximo. 

Nesta segunda-feira, o óleo bruto opera em alta. Às 10h40 (horário de Brasília), os contratos mais líquidos do Brent, para abril, subiam 1,68%, a US$ 76,94 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres. Os contratos do WTI para março registrava alta de 2,59%, a US$ 74,43 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), nos EUA. 

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Os efeitos imediatos no petróleo

No curto prazo, as tarifas sobre o setor de energia devem ser limitadas, na avaliação do Goldman Sachs, por pelo menos três motivos. 

Em primeiro lugar, os analistas do banco esperam um impacto limitado na produção global de petróleo. “Os fluxos marítimos encontrarão mercados de exportação alternativos e as exportações de dutos permanecerão bem acima dos baixos custos variáveis”, dizem Daan Struyven, Callum Bruce, Samantha Dart, Yulia Grigsby e Laura Cyr em relatório. 

Também não deve haver um impacto significativo de curto prazo na demanda global de petróleo, segundo os analistas. 

O terceiro motivo é que os preços do petróleo bruto canadense já estavam efetivamente precificando uma tarifa de 10%.

Hoje, o petróleo canadense, o Western Canadian Select (WCS), era negociado pouco menos de US$ 60 por barril (bbl, na sigla em inglês) antes do aumento das tensões comerciais. 

Para os analistas, o ônus de aproximadamente US$ 6/bbl de uma tarifa de 10% sobre os barris “pode, em princípio, ser compartilhado entre produtores de petróleo canadenses por meio de descontos maiores de WCS vs. WTI; refinarias dos EUA por meio de margens de refino mais baixas e consumidores dos EUA por meio de preços mais altos nos EUA para produtos refinados, como gasolina”, diz o relatório. 

Além disso, é provável que os EUA substituam as importações do Canadá e do México por petróleo bruto pesado alternativo da OPEP e da América Latina e por produtos refinados limpos da Europa.

Se as tarifas persistirem… 

A equipe do Goldman Sachs não destaca o risco de baixa nos preços do petróleo bruto no médio prazo se as tarifas permanecerem em vigor. 

“Se as tarifas persistentes (ou mesmo um aperto acentuado nas condições financeiras, ou um salto na incerteza da política comercial de tarifas temporárias) reduzirem significativamente o crescimento do PIB global, os preços do petróleo de médio prazo provavelmente serão mais baixos do que nosso cenário-base”, escreveram os analistas em relatório. 

Nesse cenário, a equipe espera que o Brent caía para a faixa entre US$ 60 e US$ 65 o barril em meados de 2026, com um crescimento mais fraco, principalmente nas Américas.

Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.