Efeito da bienalidade de baixa do café ainda não garante números finais da quebra de safra
Um dado que não está totalmente claro em relação ao tamanho da quebra da safra de café este ano é o efeito da bienalidade da cultura, mais o impacto da seca. A alternância entre ano bom (2020) e ruim é comum, mas seu reflexo na produção total está diretamente associado ao quanto de área que será aproveitada para renovação das lavouras e o aumento da área plantada.
O superintendente da Expocaccer, Simão Pedro Lima, chama a atenção para essa característica para expressar cautela quanto aos números mais consolidados na safra a ser colhida a partir de maio. Quanto às consequências da seca não há mais dúvidas sobre os danos na produção.
O Grupo Monsanto Tavares, por exemplo, um dos principais players fora do mercado cooperativado, relatou possibilidade de quebra de 37% na produção do café tipo arábica, caindo para 31,2 milhões de sacas. E ajudou a motivar altas de mais de 300 pontos no pregão da quarta-feira (13).
“Enquanto os produtores aproveitam a safra de baixa, como esta agora, para ‘esqueletar’ (renovar), há também que considerar o aumento de área produtiva”, explica Lima.
Significa dizer que é preciso um levantamento mais preciso da quantidade de produtores, e de áreas, que farão o procedimento e a relação com o aumento geográfico das plantações nos últimos tempos. Além disso, há lavouras novas entrando em produção.
Em relação à produtividade, sim, há quebra, que pode variar de 18% a 20%, mas a oferta total nem sempre é tão comprometida da mesma maneira que pé contra pé entre um ano e outro.
Mesmo na Expocaccer, sediada no Cerrado mineiro, o maior estado produtor e exportador da variedade arábica, ainda é prematuro para o superintendente garantir. Final de fevereiro estará mais claro.
De acordo com o superintende, os produtores e alguns levantamentos em parceria com o Sebrae, estão relatando perdas de 30% a 40%, somando o efeito da seca sobre o café em 2020.
Em 2020, a cooperativa recebeu em torno de 1,650 milhão de sacas, sendo 40% enviadas para fora do País.
Os preços atuais são considerados bons para a Expocaccer, mas Simão Pedro Lima não crava um teto alvo.
Nesta quinta (14), os contratos de março e maio estão em ajustes técnicos, após a forte alta da véspera, e recuam em torno de 0,50%, 124,15 centavos de dólar por libra-peso e 126,15 c/lp, respectivamente, na Bolsa de Nova York, ao redor das 12 horas (Brasília).