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Educação: o que esperar da Yduqs, Cogna, Ser e Ânima em 2021?

24 dez 2020, 16:12 - atualizado em 24 dez 2020, 21:48
Educação
Para a XP Investimento, apesar dos problemas, a crise é passageira e os processos de admissão e matrículas em geral devem se recuperar gradualmente (Imagem: Pixabay)

O setor de educação foi duramente afetado pela crise do coronavírus. Com as salas vazias devido o distanciamento social imposto pela pandemia, as empresas tiveram que se adequar ao “novo-normal”.  A solução foi aderir ao EaD, o ensino a distância. Mas o segmento é suficiente para cobrir o rombo deixado pela Covid?

Para a XP Investimentos, apesar dos problemas, a crise é passageira e os processos de admissão e matrículas em geral devem se recuperar gradualmente.

“Acreditamos que este cenário desafiador pode ser visto como uma oportunidade, visto que parte importante da concorrência estará em uma situação difícil e, portanto, favorecendo o processo natural de consolidação”, afirma o analista Matheus Soares.

Além disso, para ele, o EaD veio para ficar e ganhará importância no Ensino Superior, embora a capacidade de pagamento limite esse crescimento.

“Nós acreditamos que os cursos de maior qualidade ofertados pelas empresas listadas devem ajudá-las a ganhar participação desse mercado e naturalmente consolidá-la”, pontua.

A XP aproveitou o momento para iniciar a cobertura das principais empresas do setor de educação: Yduqs (YDUQ3), Cogna (CONG3), Ser Educacional (SEER3) e Ânima (ANIM3). Veja o que esperar de cada uma:

Yduqs

De acordo com o especialista, a Yduqs têm importantes caminhos para explorar. A base de crescimento de alunos é um deles.

Ele estima um contínuo crescimento anual composto (CAGR, na sigla em inglês) de 25% entre 2019 e 2023 da base de alunos do ensino a distância, enquanto a tendência de queda no ensino presencial deve acabar ao final de 2021 e o crescimento ser retomado em 2022.

Soares também aponta o crescimento das margens, com o EaD diluindo custos conforme aumenta sua parcela na receita (37% em 2022 ante os 19% em 2019), aliviando a pressão de maiores provisões para devedores duvidosos.

“O crescimento robusto da base de alunos do ensino à distância deve compensar a pressão de curto prazo da base presencial – e, consequentemente, as receitas”, diz

A Yduqs é a ação favorita da XP dentro do setor não só pela liquidez dos papéis, como também pelo potencial de valorização para as ações.

A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 50,70, valorização de 54% em relação ao último fechamento do mercado.

Somando a isso, há o impacto negativo de R$ 200 milhões no caixa da companhia advindos da atual reestruturação da Kroton (Imagem: Instagram/ Kroton Educação)

Cogna

A Cogna ainda inspira cuidados na visão da XP. A principal preocupação diz respeito a queda nas receitas. O analista calcula uma redução anual composta de 9% nas receitas da Kroton (ensino superior) entre 2019 e 2023, que, por sua vez, deve gerar uma queda anual de 4% no Ebitda, que mede o resultado operacional, da Cogna no período, mesmo considerando um crescimento de Ebitda de 18% ao ano na Vasta.

Somando a isso, há o impacto negativo de R$ 200 milhões no caixa da companhia advindos da atual reestruturação da Kroton.

Com isso, a XP estabeleceu em R$ 5,10 o preço-alvo da empresa, com recomendação neutra.

Ser Educacional

Para a XP, a Ser tem um desempenho “sem brilho” no ensino presencial, diante de uma base de alunos pressionada e que, na visão da corretora, deve recuar 2% ao ano entre 2019 e 2023, mesmo com as aquisições recentes, argumenta.

Além disso, segundo o analista, o desempenho orgânico fraco, antes mesmo da Covid, entre 2017 e 2019, que apresentou uma queda anual de 4%, ofusca o forte crescimento de 45% ao ano esperado entre 2019-2023 da base de alunos do EaD.

“Tais impactos limitam o incremento de Ebitda – que deve crescer 3% ao ano entre 2019 e 2023 – e levam a uma redução de 3% ao ano do Lucro por Ação (LPA) em uma base ajustada no mesmo período”, disse.

De acordo com Soares, o cenário macroeconômico e o resultado da companhia no terceiro trimestre acrescentaram R$ 3,30 por ação ao preço-alvo (Imagem: Facebook/Ânima Educação)

Por outro lado, possíveis aquisições poderiam aumentar o preço-alvo em R$ 2. A recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 17 até o final de 2021.

Ânima

A XP continua apostando suas fichas na Ânima, mesmo após alta de 33% nos papéis desde que a corretora iniciou a cobertura das ações em outubro.

De acordo com Soares, o cenário macroeconômico e o resultado da companhia no terceiro trimestre acrescentaram R$ 3,30 por ação ao preço-alvo.

Somado a isso, há o potencial adicional de até R$ 6,20 por ação com a aquisição da Laureate (a ser aprovada pelo CADE).

Ele cita também a alta qualidade da base de alunos, a melhora das margens e as aquisições da empresa como pontos que sustentam a visão otimista da Ânima.

A XP elevou o preço-alvo de R$ 41,70 para R$ 45,00, potencial de valorização de cerca de 24%, com recomendação de compra.