Ecorodovias tem recuperação lenta, mas vai ganhar muito com reequilíbrios contratuais
A Ecorodovias (ECOR3) ainda sente os impactos causados pela pandemia do coronavírus. Segundo o Safra, os resultados neutros reportados pela companhia ontem à noite mostraram que a recuperação está acontecendo, mas de forma gradual.
O tráfego nas estradas com pedágio está se recuperando gradualmente (+2,8% em relação aos últimos três meses de 2019), puxando o aumento de 3,5% na receita líquida, que totalizou R$ 832 milhões no período.
No entanto, a melhora nas rodovias foi ofuscada pelas despesas não recorrentes. Os custos caixa ajustado, excluindo custos de construção, provisões para manutenção e despesas de depreciação e amortização, saltaram 31% no comparativo anual, para R$ 354 milhões. Desconsiderando os efeitos não recorrentes, os custos caixa ajustado aumentaram 9%.
Além disso, uma baixa contábil de R$ 616 milhões referente ao contrato de concessão do Ecoporto Santos levou a companhia a anunciar prejuízo de R$ 630,7 milhões no trimestre, contra lucro de R$ 79,2 milhões entre outubro e dezembro de 2019. Excluindo os efeitos não recorrentes, a Ecorodovias lucrou R$ 55,3 milhões, queda de 39,2% ano a ano.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) pró-forma apresentou queda de 7,1% e totalizou R$ 550,1 milhões.
Outperform
Apesar dos números neutros, o Safra decidiu manter a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) da Ecorodovias. Os analistas enxergam um potencial de valorização significativo para as ações da empresa. O preço-alvo indicado é de R$ 18,80, o que implica um upside de 77% em relação à cotação do fechamento de ontem.
Um dos principais gatilhos para os papéis da companhia é o potencial anúncio do reequilíbrio econômico dos contratos de concessões em São Paulo. O Safra espera que as grandes compensações para mitigar perdas sejam convertidas em extensões de termos de contratos.