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Ecorodovias enfrenta desafios em série, mas ação vale a pena (ainda)

23 mar 2021, 15:07 - atualizado em 23 mar 2021, 15:07
Ecorodovia, sala de controle
Para monitorar de perto: contratos importantes da Ecorodovias estão em jogo em 2021 (Imagem: LinkedIn/ Ecorodovias)

A Ecorodovias (ECOR3) tem uma agenda carregada em 2021, que vai da reestruturação societária à pandemia de coronavírus, passando pelo vencimento de concessões rodoviárias e a disposição de disputar novos leilões. E, para completar o quadro, a empresa precisa lidar com uma dívida em crescimento.

Mas nada disso abala a confiança da Planner Investimentos na ação da Ecorodovias. A corretora reafirmou sua recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 14, o que embute uma alta potencial de 21% sobre a cotação usada como referência no relatório.

“Mantivemos a recomendação de compra, mas sabemos das dificuldades da companhia no curto prazo, que devem impactar negativamente a ação”, afirma Luiz Francisco Caetano, que assina a análise da Planner.

Veja alguns dos problemas que esperam a Ecorodovias nos próximos meses.

Queda no tráfego

Nos dados acumulados até 14 de março, o tráfego recuou 3,9% nas rodovias administradas pela concessionária. Para piorar, o endurecimento das medidas de isolamento social, determinado por diversas cidades nos últimos dias, deve pressionar ainda mais o movimento.

Perde-e-ganha de receitas

Duas concessões rodoviárias vencerão em novembro – a da Ecocataratas e da Ecovia Caminho do Mar, ambas no Paraná. Em compensação, duas praças de pedágio entrarão em funcionamento já em março na Ecovias do Cerrado.

Renovação da Ecovias dos Imigrantes

A mais importante concessão administrada pela empresa vence em 2026, mas o contrato pode ser estendido em até oito anos. O motivo é que o governo paulista reconheceu que há um desequilíbrio econômico-financeiro na concessão. Em junho de 2020, esse rombo era estimado em R$ 1,6 bilhão. As negociações para corrigi-lo estão em curso.

Ecoporto

Além das rodovias, a empresa também opera um terminal de contêineres no Porto de Santos. O problema é que o Ministério de Infraestrutura já avisou que não renovará o contrato de sua controlada, a Ecoporto Santos, que vence em junho de 2023. A empresa estuda, agora, iniciar um processo de arbitragem para negociar R$ 800 milhões de dívidas ligadas ao contrato.

Dívidas

Num país tão carente de infraestrutura, quanto o Brasil, empresas que atuam nesse ramo precisam investir muito dinheiro – e a Ecorodovias não escapa à regra. Entre 2017 e 2020, sua dívida líquida cresceu 61%. Segundo a Planner, sem uma nova capitalização, será difícil para a empresa disputar novos leilões, como o da BR-116, a conhecida Via Dutra, que liga as duas maiores cidades do país – São Paulo e Rio de Janeiro.