Economistas de Wall Street se dividem sobre velocidade do Fed
Os maiores bancos de Wall Street estão divididos sobre quão rápido e até onde o Federal Reserve subirá as taxas de juros, após o presidente Jerome Powell sinalizar que poderia ser mais agressivo no combate à inflação mais elevada em quatro décadas.
Como Powell não deu uma orientação específica sobre o que o Fed fará, além de indicar que aumentará as taxas em março, economistas e investidores estão fazendo avaliações diferentes sobre os próximos passos, arriscando um caminho agitado à frente para os mercados.
Anteriormente, os economistas concentravam suas previsões em quatro altas de 0,25 ponto percentual dos juros em 2022.
Agora, a maioria concorda que o Fed aumentará a taxa em 0,25 pp em março, embora a Nomura Holdings veja a primeira alta de 0,50 pp desde 2000.
A partir daí, as diferenças começam a se ampliar:
- Quantas vezes o Fed fará mudanças na taxa este ano (três, quatro, cinco, seis ou sete vezes)
- Em quais meses depois de março
- O que vai fazer em 2023
- Qual será o pico dos juros
Também há desacordo sobre quando anunciará a redução de suas enormes posições em títulos, embora muitos economistas tenham antecipado a data para isso acontecer.
Um relatório de fim de semana de economistas do Goldman Sachs (GS) destacou a dificuldade em prever o Fomc.
“O Fomc pode subir menos de cinco vezes se as condições do mercado mudarem abruptamente em algum momento ou se a economia desacelerar ainda mais do que nossa previsão abaixo do consenso implica”, disseram os economistas liderados por Jan Hatzius. “Mas também pode aumentar mais de cinco vezes em 2022 se a inflação permanecer elevada o suficiente para fazer com que a continuação da alta em todas as reuniões também seja um curso natural no final do ano.”
Veja um resumo das previsões dos bancos:
Bank of America
- Sete aumentos de 0,25 pp este ano, atuando em todas as reuniões restantes para encerrar 2022 em uma faixa de 1,75% a 2%
- Redução do balanço será anunciada em maio
- Um aumento a cada trimestre em 2023, levando o benchmark a um pico de 2,75% a 3%
Nomura Holdings
- Um aumento de 0,50 pp em março, seguido por três de 0,25 pp em maio, junho e julho, encerrando o ano em 1,25% a 1,5%
- Movimentos de 0,25 pp em junho e dezembro de 2023
BNP Paribas
- Seis aumentos de 0,25 pp este ano, em cada reunião restante, exceto novembro, terminando 2022 em 1,5% a 1,75%
- Novos aumentos em 2023 para encerrar o ano em 2,25% a 2,5%
Goldman Sachs
- Cinco altas de 0,25 pp este ano, em março, maio, julho, setembro e dezembro, para atingir 1,25% a 1,5%
- Redução do balanço anunciada em junho
- Em 2023, altas de três 0,25 pp, seguidas de mais em 2024 para atingir 2,5% a 2,75%
JPMorgan
- Cinco altas de 0,25 pp este ano, em março, maio, julho, novembro e dezembro, para atingir 1,25% a 1,5%
- Redução do balanço anunciada em junho
- Duas altas no início de 2023 e depois em junho para terminar em 2,5% a 2,75%
- “Se os desenvolvimentos exigirem mais aperto do que em nossa previsão, primeiro removeríamos essas pausas antes de definir movimentos de 50bps”, diz o economista Michael Feroli
Deutsche Bank
- Cinco altas de 0,25 pp este ano, em março, maio e junho, depois trimestralmente no segundo semestre, para atingir 1,25% a 1,5%
- Redução do balanço anunciada em julho
- Três altas em 2023 para deixar a taxa um pouco acima de 2%
Citigroup
- Cinco altas de 0,25 pp este ano, em março, maio e junho, depois trimestralmente no segundo semestre, para atingir 1,25% a 1,5%
- Aumentos trimestrais em 2023 para atingir 2,25% a 2,5% no final do ano
Morgan Stanley
- Mantém a previsão de aumentos em março, junho, setembro e dezembro, embora com um “risco significativo de que pelo menos alguns desses aumentos sejam entregues sequencialmente”
- Duas altas em 2023 para chegar a 1,5% a 1,75%