Economia

Economista pede aceleração da Selic para chegar rápido aos 10%, mas ainda tem dúvidas do BC

23 out 2021, 9:29 - atualizado em 24 out 2021, 9:45
Fabio Kanczuk
Fábio Kanczuk, diretor do BC, ainda não teria sinalizado com alta superior a 1 pp da taxa de juros (Imagem: Flickr/Banco Central)

Poucas dúvidas restam de que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará em 1 ponto percentual a taxa básica de juros na reunião de semana próxima, mas cresceu a defesa , entre analistas, de que o ritmo de subida seja maior, com a confirmação de que o desequilíbrio fiscal veio para ficar.

O governo bateu o martelo de que vai mesmo gastar mais sem ter de onde tirar.

A economista Zeina Latif está entre eles, pedindo aceleração da alta desde já para se chegar mais rápido pouco acima de 10% ao final do ciclo de alta da Selic, para se ter maior controle da inflação que está capturando a alta do dólar tanto nas exportações de commodoties como nas importações (petróleo, por exemplo), bem como os movimentos de defesa contra o risco Brasil.

“A taxa de juros tem que estar acima daquilo que se chama de taxa neutra, para se conseguir de fato controlar a inflação”, diz a consultora e ex-economista-chefe da XP Investimentos.

Sair dos 6,25% para os 7,25% pouco ou nada ajudaria para dobrar o viés de alta da inflação e trazê-la para dentro da meta – o centro é 3,75% e o teto é 5,25%% -, quando as expectativas são de que o custo de vida fique bem acima de 8% este ano.

Mas ela ainda não aposta firmemente nesta possibilidade de aceleração do ritmo de alta.

Embora o diretor do BC, Fábio Kanczuk, já ter declarado que a elevação de 1 pp está na agenda, Zeina Latif não viu nenhuma sinalização de reação mais contundente da autoridade monetária além dessa taxa. “Ele teria dito que não reagiria às turbulências do mercado e que eles [BC] têm avaliação própria sobre a questão fiscal”.

Depois da semana na qual a turbulência ganhou sinais de pânico, com a admissão do furo do teto de gastos, que quase levou o ministro Paulo Guedes à demissão, o cenário ficou mais crítico.

O impacto no dólar não deverá apresentar resultados de baixa, como não aconteceu na sequência da última reunião do Copom há quase 40 dias (mais 1 pp), o que azeda ainda mais as projeções de inflação

E o governo ainda precisa que os títulos do Tesouro Nacional fiquem mais atraentes para ajudarem a financiar os novos compromissos de despesas, como os R$ 400 do Auxílio Brasil, a ajuda aos caminhoneiros e às emendas parlamentares exigidas pelo Centrão, como quer o presidente Jair Bolsonaro.

 

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