Coluna do Bernardo Srur

Economia tokenizada: a evolução do mercado financeiro e de capitais para a inclusão

19 out 2024, 13:00 - atualizado em 18 out 2024, 16:21
tokenização
De acordo com o estudo Criptoeconomia no Brasil 2023, 27% das empresas possuem negócios relacionados à tokenização no país. (Imagem: Seebuaphan's Image)

O mercado de tokenização no Brasil vive um momento especial, com um crescimento significativo que reflete as tendências globais.

De acordo com o estudo Criptoeconomia no Brasil 2023, realizado pela ABcripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia), 27% das empresas possuem negócios relacionados à tokenização no país. Estamos falando de um mercado que poderá valer em torno de US$ 5 trilhões até o final de 2030, segundo dados do relatório Money, Tokens and Games, do Citibank, o que representa um aumento de 80 vezes em relação ao valor atual.

A tokenização é o processo de estruturação de um ativo tradicional utilizando a tecnologia blockchain, permitindo seu fracionamento, automatização e maior mobilidade. Essas características naturais da criptoeconomia possibilitam que o ativo tokenizado seja mais acessível, rápido e barato. Trata-se de uma solução vantajosa para todos: mais econômica para quem emite e com maior potencial de rentabilidade para quem compra.

Essa grande migração dos ativos tradicionais para a “tokenização” é o que chamamos de “economia tokenizada”. Em termos práticos, debêntures, recebíveis, times de futebol, imóveis, ações de empresas e até direitos de propriedade intelectual, entre outros itens, podem ser tokenizados, aumentando a acessibilidade a investimentos que antes eram inacessíveis para grande parte da população.

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Por exemplo, um título de dívida de uma empresa com valor de R$ 50 mil pode ser dividido em 10 mil tokens de R$ 50 cada, permitindo o investimento fracionado e acessando um número maior de investidores. Esse exemplo mostra o potencial da tokenização para tornar o mercado financeiro e de capitais mais inclusivo, abrangente e, portanto, mais democrático. A mobilidade reduz as fronteiras e abre portas para novos modelos de negócios. Como podemos observar, nesse cenário, o ativo agora está acessível para quem tiver R$ 50 disponíveis para investir. Isso é inclusão financeira.

Por outro lado, há discussões em andamento sobre os desafios regulatórios de um mercado ainda em desenvolvimento, especialmente na adaptação das estruturas legais já existentes, com um olhar mais atento às demandas de proteção ao investidor. Recentemente, o Banco Central e a CVM divulgaram que a regulação da tokenização é uma das prioridades para este ano. Regulações que forneçam o equilíbrio necessário entre segurança e a exploração do potencial de inclusão são fundamentais.

Diversas ações regulatórias do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Receita Federal são esperadas para o final deste ano. Nesse sentido, a ABcripto, de forma pioneira, ampliou a abrangência de seus códigos e lançou, recentemente, sua autorregulação de tokenização. Vale lembrar que a ABcripto também foi pioneira ao lançar a autorregulação do setor cripto em 2020. O documento representa um importante avanço para o setor, pois estabelece padrões claros e robustos para a emissão e negociação de tokens, proporcionando maior transparência, segurança e confiança para todo o mercado, especialmente nesse momento de expansão.

Este é um novo marco para o desenvolvimento e a segurança da economia digital, que surge em um momento de crescimento acelerado. É claro que todos esses impactos estão em curso, e estamos acompanhando essa transformação em tempo real, ainda compreendendo o que está por vir. O fato é que a economia tokenizada tem o potencial de transformar profundamente todo o sistema econômico e financeiro no Brasil e no mundo.

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Bernardo Srur, diretor-presidente da ABcripto, é executivo com mais de 15 anos de experiência em governança, mercado financeiro, criptomoedas e economia digital. Apaixonado por tecnologia, envolvido ativamente em temas ligados à regulação, inovação e evolução digital. Nessa jornada, foi Conselheiro da ABCripto responsável pelo desenvolvimento da autorregulação para o setor de criptomoedas brasileiro, foi Diretor de Risco e Compliance na 2TM/Mercado Bitcoin responsável pela implantação das práticas de integridade e PLD na maior exchange do Brasil, gestor na B3, Cetip, Hospital Albert Einstein e KPMG.
bernardo.srur@autor.moneytimes.com.br
Bernardo Srur, diretor-presidente da ABcripto, é executivo com mais de 15 anos de experiência em governança, mercado financeiro, criptomoedas e economia digital. Apaixonado por tecnologia, envolvido ativamente em temas ligados à regulação, inovação e evolução digital. Nessa jornada, foi Conselheiro da ABCripto responsável pelo desenvolvimento da autorregulação para o setor de criptomoedas brasileiro, foi Diretor de Risco e Compliance na 2TM/Mercado Bitcoin responsável pela implantação das práticas de integridade e PLD na maior exchange do Brasil, gestor na B3, Cetip, Hospital Albert Einstein e KPMG.
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