É tarde demais para comprar criptomoedas?
No podcast “The Future of…” de Andrew Yang, ex-candidato à presidência dos EUA e atual candidato à prefeitura de Nova York, Zach Graumann e Carly Reilly convidam o especialista cripto Ryan Sean Adams para falar sobre como criptomoedas são o futuro do dinheiro.
Ryan é escritor da newsletter “Bankless” (algo como “sem bancos”) e começa falando sobre sua experiência com esse mercado, afirmando que criptos são o melhor ecossistema do mundo:
Para mim, cripto é um movimento social. É sobre o dinheiro das pessoas e para as pessoas. O principal benefício às pessoas e à sociedade é permitir o acesso bancário a qualquer pessoa do mundo. Qualquer pessoa no mundo.
Sua localização geográfica não deveria ditar a sua qualidade bancária. Cripto remove essa limitação geográfica, pois tudo o que você precisa é de uma conexão à internet e um teclado para entrar para o melhor sistema bancário do mundo.
Criptomoedas e VPN: protegendo a privacidade
e evitando o bloqueio geográfico
Ryan menciona os problemas dos bancos tradicionais com a emissão desenfreada de dinheiro, que beneficia os mais ricos, e não a população de um país. Cripto garante um sistema monetário justo, escasso e seguro, sem o intermédio de bancos, processadores de pagamentos e governos.
Carly pergunta qual é a relação entre bitcoin e blockchain. Ele menciona o movimento “blockchain, sim; bitcoin, não”, em que um é amplamente aceito por conta de sua tecnologia, mas o outro é sempre algo a se desconfiar.
Blockchains são parte da tecnologia de base de dados na qual o Bitcoin e a Ethereum são baseados.
Mas o interessante de blockchains é que são públicos e apermissionados enquanto blockchains privados — que uma empresa ou banco cria — podem usar esses blockchains públicos, mas também são bem importantes à história sobre esse grande, novo e futuro dinheiro do sistema monetário que criamos aqui.
[…] O bitcoin é um ativo, mas também é uma rede. Se eu fosse te dar bitcoins, então essa transação seria registrada nessa rede geral, que é o blockchain público, acessível a todos.
Então existe o bitcoin, o ativo, e o Bitcoin, a rede, o blockchain. Os dois são ideias diferentes.
Zach faz menção à analogia de que o blockchain seria como o motor de um veículo enquanto o bitcoin seria o Ford Modelo T, que revolucionou o mundo.
Ao explicar qual é a diferença entre o bitcoin e as demais criptomoedas, Ryan explica que protocolos são conjuntos de regras que tentam dar credibilidade a projetos para as pessoas.
Assim, o bitcoin é o mais famoso porque mais pessoas acreditam que ele é uma unidade monetária do que, por exemplo, dogecoin (DOGE), uma moeda de meme recentemente impulsionada por Elon Musk.
Ethereum pega a ideia de escassez digital do Bitcoin e pensa: “bom, e se nós generalizássemos isso? E se em vez de criarmos apenas um tipo de dinheiro, críamos esses criptoativos? E se pudéssemos criar ações, títulos, um sistema bancário neutro e credível?”
Essas duas ferramentas juntas, Bitcoin e Ethereum, são utilizadas por mim e por comunidades como a minha para não precisarmos mais de bancos.
Zach pergunta se as pessoas estão interessadas pelo bitcoin por sua democratização monetária ou por uma questão de anticonformismo, de que o mundo está acabando e que o dólar vai fracassar.
Ryan acredita ser uma combinação de tudo, pois as pessoas não querem destruir o sistema monetário vigente, e sim construir “seu próprio movimento incrível”, tendo controle de seus fundos.
Ele menciona a desigualdade econômica, pois os cidadãos americanos precisam colocar seu dinheiro em jogo para fazê-lo render, já que a poupança não tem mais esse papel.
Ryan discute sobre a relação regulatória das criptomoedas por governos que, ao seu ver, é relativamente favorável.
Menciona o aval para que bancos federais americanos custodem criptoativos, bem como a classificação do bitcoin como uma commodity pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) e relembra que a lavagem de dinheiro é bem mais fácil com dólares. Clique aqui para saber mais.
Zach pede que Ryan explique o que é possível fazer com criptoativos e este explica que, basicamente, podemos realizar qualquer tipo de transação bancária (poupar, pagar, emprestar e negociar), mas sem o intermédio de bancos.
Ele explica que o bitcoin é mais considerado como algo para ser armazenado, cujo valor será maior no futuro, enquanto stablecoins — criptomoedas de valor estável, muitas vezes chamadas de “criptodólares” —, armazenadas em um cartão de débito, podem ser usadas no dia a dia.
Carly pergunta se as pessoas desbancarizadas — cujo país não fornece muita inclusão financeira — estão mais próximas de adotar cripto, mas Ryan diz que ainda não, pois apenas a comunidade envolvida com tecnologia (os “geeks”) está mais inserida nessa tecnologia.
Ele espera que, assim como celulares são amplamente utilizados hoje em dia, cripto vai começar a ser usada por um grupo seleto de pessoas antes de se tornar cada vez mais comum.
Zach: No fim do dia, nossos dólares físicos não valem nada — apenas o custo de impressão. O motivo pelo qual ele vale algo é porque confiamos que valha alguma coisa, confiamos em nosso governo. Conforme nosso governo não está atendendo a população e ela está perdendo a confiança em seu governo, não é inviável que comecemos a confiar nas pessoas. Se criptomoedas são apoiadas por pessoas nesse coletivo transparente — como uma “constituição digital”, não é inviável que tenhamos confiança nessa moeda e, ao longo do tempo, preferimos ela por conta da forma como a confiança foi construída.
Ryan: É isso o que [cripto] é. Dinheiro das pessoas para as pessoas. É um controle e equilíbrio em relação ao governo. Bancos centrais terão que subir de nível […]. Essa é uma tecnologia de liberdade […]. Criptomoedas descentralizam. Dão o poder de volta às pessoas. […] Criptomoedas não vão fazer tudo o que uma nação pode fazer. Não pode construir hospitais nem estradas, fornecer assistência médica, proteger cidadãos… Então acho que governos vão perceber que essa será uma relação saudável e que talvez precisemos de uma separação entre dinheiro e Estado.