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E se Warren Buffett tivesse nascido no Brasil, qual seria a sua carteira?

15 set 2017, 19:42 - atualizado em 05 nov 2017, 13:55

Por Shin Lai e João Paulo Freitas, estrategista e analista da Upside Investor

Há poucos dias Warren Buffett comemorou seus 87 anos.

Destes, 76 foram e continuam sendo dedicados aos investimentos.  Buffett nasceu e cresceu no meio-oeste dos EUA, no estado de Nebraska, e até onde sabemos o megainvestidor nunca ficou fora do seu estado por muito tempo. E fez seu primeiro investimento em ações com 11 anos de idade apenas.

Mas cabe aqui um exercício interessante, e se o Oráculo de Omaha tivesse nascido aqui na América do Sul, ao invés da América do Norte.

Como seria sua carteira de ações com empresas equivalentes na Bovespa?

É exatamente este exercício que iremos fazer aqui. Se quiséssemos fazer uma equivalência até mesmo em termos de local de nascimento, Buffett teria nascido aqui em um estado similar ao de Goiás, que fica no centro do Brasil, ou mesmo Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul, onde é o centro oeste brasileiro.  

Voltando aos investimentos, entretanto, há enormes diferenças entre a economia americana e a brasileira obviamente. Os Estados Unidos possuem um capitalismo muito mais dinâmico e expressivo que o nosso. O que significa que lá existem muito mais empresas e setores que no Brasil.  Assim, em alguns casos faremos algumas aproximações. Para se ter uma ideia, Buffett está investindo em uma empresa chamada Sirius XM que fornece serviços de radiodifusão. Não há nada similar sendo negociado na Bovespa. Na melhor das hipóteses poderíamos fazer uma analogia com as empresas de telecomunicações.

Buffett investe em empresas de Aviação Civil. No Brasil quais seriam as equivalentes?

Esta é uma posição no mínimo curiosa da Berkshire Hathway. De acordo com os relatórios da Berkshire de 30/Junho/2017, ela possuía as seguintes posições em empresas de aviação:

Fazendo uma equivalência seria como se Buffett estivesse investido no Brasil em empresas como Gol (GOLL4e Azul Linhas Aéreas (AZUL4), que atualmente são as únicas empresas do setor negociadas na B3 Bovespa, já que a antiga Tam, hoje Latam não possui ações negociadas.

Achamos estas posições de Buffett ‘curiosas’, já que, o próprio Warren uma vez chamou o setor de ‘uma armadilha da morte’.

Mas, o setor mudou desde que aquelas palavras foram ditas. E a justificativa dada por Buffett é que as empresas aéreas americanas aprenderam a operar, isto é, equacionaram a relação oferta e demanda. Principalmente evitando mais oferta do que a demanda necessária.

 A bem da verdade, uma série de eventos transformou a indústria aérea americana, particularmente nos anos 2000. Até o 11 de setembro, a maioria dos voos era feita com 50% dos assentos vazios. Hoje o índice de ocupação de uma aeronave está ao redor de 83%.

Outro aspecto que se alterou, foi na consolidação do setor. Após diversas, falências, concordatas e fusões e aquisições, o setor se tornou mais oligopolizado com 4 empresas controlando 80% dos voos domésticos, logo, as guerras de tarifas benéficas ao consumidor e maléficas paras as empresas terminaram. Um terceiro item que tem ajudado bastante as companhias nos últimos anos são os preços do petróleo, que continuam a patamares mais baixos que de outras épocas. O barril de petróleo é negociado ao redor de $50 dólares.

Assim, numa tradução pura e simples da carteira de Buffett hoje para uma carteira tupiniquim, teríamos a Berkshire Brasil investindo em empresas do setor de aviação civil.

 Entretanto nós da Upside achamos que o momento da aviação civil no Brasil é diferente do momento dos Estados Unidos. Lá como dissemos há pouco, o setor entrou em outro patamar. Por exemplo, a Gol divulgou prejuízo de R$ 474 milhões no 2T17. Enquanto que a Azul divulgou prejuízo líquido de R$ 33,9 milhões no mesmo segundo trimestre de 2017. Em contraste, o setor de aviação civil americano nunca teve balanços tão fortes e lucrativos.

Buffett investe em Sanofi, Johnson & Johnson, e Davita. No Brasil o que ele teria?

Como sabemos as pessoas estão vivendo mais e precisando cada vez mais de cuidados pessoais de saúde. Isto é verdade em diversas partes do mundo como Europa, EUA e mesmo no Brasil ( basta lembrarmos do assustador déficit fiscal que estamos tendo que lidar, em função, em parte de uma maior longevidade dos brasileiros).

Sanofi é uma empresa fabricante francesa de remédios, e vacinas.  No Brasil, possivelmente Buffett teria em sua carteira ações de empresas como Hypermarcas (HYPE3) que se tornou puramente uma empresa de remédios. Ou talvez, da até recém chegada em Bolsa, Bio Toscana (GBIO33)

Johnson & Johnson, a conhecida empresa de cuidados pessoais, donas de marcas como Band Aid e Tylenol, é outra investida de Buffett. No Brasil, a Hypermarcas antes de se desfazer do seu negócio de fraldas e cuidados pessoais seria a empresa brasileira mais similar a Johnson e Johnson.

Por fim, temos Davita que é uma empresa de serviços de diálise s renais criada no Colorado. Não empresas similares no Brasil, entretanto, as mais parecidas são as empresas de análises clínicas como Fleury (FLRY3), Hermes Pardini (PARD3) e Alliar (AALR3).

Para saber quais empresas nós da Upside escolhemos usando a mesma metodologia de Buffett visite nosso site (www.upsideinvestor.com) e conheça nossas recomendações. Na semana que vem continuamos a traduzir a carteira de Buffett para os equivalentes nacionais. Acompanhe!